No meu "Trem da Vida" os amigos são sempre bem-vindos. Ao narrar o meu percurso humano e social, nesta maravilhosa viagem, a bordo do "trem da vida", eu vou juntando lembranças enraizadas na memória e no coração, vou contando minhas histórias, homenageando meus amigos, velhos ou novos, mortos ou vivos, que me deixaram marcas indeléveis, pela amizade e atenção que deles recebi ou ainda recebo.
Marcos Dhotha é o meu homenageado de hoje. Meu amigo, meu conterrâneo, assíduo companheiro desta viagem, de cuja exclamação, ao adentrar no vagão dos "Piancós", jamais esquecerei.
Tocou tão fundo em minh'alma que a transformei em marca registrada dos meu Blog Raízes e dos demais integrados a ele.
"Passear por aqui é tropeçar na SAUDADE, esbarrar no AMOR e encontrar VIDA!"
E tropeçando na SAUDADE formatei este vídeo, com imagens reveladoras das origens do meu amigo Dhotta, tão sertanejas quanto as minhas que, de geração à geração, ao longo de tantos anos, vêm multiplicando essa amizade, tornando nossos laços cada vez mais fortes.
Amigo do peito da minha irmã caçula, Rita de Cássia, Dhotta caiu nas graças da minha mãe, era acolhido na nossa casa com muito afeto.
Companheiro de viagem, no meu "Trem da Vida", sempre compartilhando das minhas SAUDADES, Dhotta escreveu um comentário para a postagem que fiz no dia 12 de setembro, dia em que, se viva fosse, seria o aniversário da minha mãe:
Todas as vezes que entro no “RAÍZES” tenho a sensação de que apenas nos despedimos do tempo e nunca da vida. Geeente!! Como tudo isso aqui pulsa. É o AMOR, a SAUDADE e a VIDA entrelaçados num único lugar. Qualquer pessoa de coração bem formado vai se sentir acolhido, em casa. É impossível olhar para o amor que sentes por tua família e não lembrar que também temos uma... E as famílias florescem sempre, é a primavera da vida. Nós é que envelhecemos ao sabor do outono dos “antigamentes”. E que delícia recordar que ainda podemos ser felizes com as lembranças e o legado das nossas Raízes. E saber que somos também sobreviventes, a partir de um tempo, onde nossos pais não nos davam o que queríamos, mas sim o que eles podiam nos dar. E o que é melhor, sem culpas posteriores. Eita tempo bom danado! Onde nossas casas possuíam quintais, árvores, flores e animais... E que consertar a rodinha de um carinho quebrado ou achar o braço perdido de uma boneca, era a coisa mais importante do mundo...
Em resumo, passear por aqui é tropeçar na SAUDADE, esbarrar no AMOR e encontrar VIDA....
E hoje ao abrir a página do Raízes, vejo essa “Ode ao amor materno”... Somente Rita de Cássia sabe o quanto sou suspeito para falar de Dona Rita. Mas não quero lamentar sua descida do “Trem da Vida”, uma vez que o pouco tempo que convivi com ela, eu sequer escutei um lamento. Mas pude sentir a extrema compreensão de uma mãe. E isso me bastou para que eu pudesse amá-la da mesma forma que amava a minha. E por quantas noites ao entrar na casa de vocês, fui acolhido como a um filho. Tratado “a pão-de-ló”, era assim que eu me sentia. Passava o dia inteiro fazendo regime para quando chegar à noite, quebrar. Dona Rita mandava logo meu regime pro “bebeléu” e calava minha fome com um pedaço de bolo e doce de mamão. Ela humilhava toda e qualquer tentativa minha de fazer regime. Impossível entrar naquela cozinha e não sentir o cheiro de pão, café e manteiga...
Eu queria deixar apenas esse registro para deleite de minhas lembranças e dizer a ela: Dona Rita ! A senhora tinha razão... Nunca consegui terminar de fazer um regime na minha vida. Mas eu continuo o Dhotta “glutão”, sempre a espera de um pedaço de bolo, com bastante doce de mamão...(rs!) Até rimou. E para completar: Te tenho para sempre eternizada em minha mente e em meu coração. Um beijo saudoso.
14/09/09 12:44
Meu amigo, o que você deixou registrado não foi apenas para deleite de suas lembranças, foi sobretudo uma consagração da nossa amizade, você, com suas palavras, comparando o amor que sentia pela minha mãe com aquele que sente para com a sua, selou o nosso amor fraterno de tal modo que jamais o tiraremos do coração!
Acontece que no "Trem da vida" histórias é o que não nos faltam para contar. Nosso trem é um reduto de surpresas. Não respeitamos sequer a ordem cronológica dos fatos, o pensamento vagueia ziguezagueando entre o passado, o presente e o futuro.
O passado serve-me de lições, lembra-me momentos felizes, mas lembra-me também episódios desanimadores, mas que foram superados para dar lugar a uma vida vivida sem fuga e sem dramatização. Serve-me de raízes fincadas bem no fundo do meu coração, para que nunca me esqueça que o meu presente deve muito a maneira como no passado fizeram o meu começo, fortalecendo-me para que saiba fazer o meu futuro.
E neste zizague no tempo, certo dia lembrei-me de que o pai de Dhotha, Toinho da Penha (in memoriam), havia salvo minha vida quando, ainda criança, numa noite de tempestade, lá na minha terra natal, caíra esparramada sobre o barro, bem ao lado da Casa Penha, a casa comercial dos Penhas.
De posse dessas lembranças, eu as repassei, para os companheiros de viagem, através da postagem do dia 14 de janeiro de 2010, no Blog "Nossa Infância e Adolescência" integrado ao "Raízes" cujo título é Entre Raios e Trovões! .
Escrevera em detalhes aquelas cenas guardadas no baú das minhas memórias, descrevera com tanta fidedignidade que, por vezes, vi a claridade daqueles relâmpagos, ouvi o estrondo do trovão e senti na pele as mãos protetoras do pai de Dhotha que, freneticamente, massegeava meus pulsos na tentativa de reanimar-me.
Quando Dhotta viu a postagem, chamou Bernadete (a mãe dele), e unidos, emocionados pela evocação de um passado, onde o pai e o marido, respectivamente, havia sido o herói que me salvara, escreveram-me o seguinte comentário:
O Tempo parou por aqui... Pronto! Não mais existe tempo por cá. Tempo aqui é coisa que se conta – APENAS - através da memória e não dos calendários. Tempo que se revela nas lembranças, vivências e saudades (no tempo presente...) E nós vivemos nesse tempo da memória. Falo de uma Memória Saudável! Dos risos insanos e das lágrimas não contidas... Ah! Tempos idos, tempo perdido, velhos tempos, tempos de outrora e tempos de nunca mais... Tempo da alma e do tempo que falta... É o passar do tempo meu bem! Mas um passar do tempo no tempo de Hoje. Tempo de passado presente... TEMPO DE RAÍZES !!! Raízes de um passado forte. Que sobrevive e que se renova naqueles que aqui ficam pra contar histórias... Histórias do tempo, mas contadas com o coração do agora. Cujas ramificações – indiscutivelmente - são partes de nós, da história de um povo. Coisa viva!!! De dentro da gente. E que sutilmente desliza por entre raízes pulsantes. Esse espaço aqui é das entranhas mesmo! Pois a cada raiz que se finca ao correr do tempo, se constrói o hoje, o nós, o somos. O tempo aqui transcende; O tempo aqui se transforma; O tempo aqui nos torna inteiros, alicerçados, fortes... E para quem sabe olhar com o coração, o tempo aqui é amor. Onde os momentos felizes se transformam em relicários antigos, e as tristezas são contadas como batalhas vencidas com coragem e fé. Somos sobreviventes, é verdade. Porque a vida continua como tem que ser. A nossa memória é que nos privilegia. Onde nosso tempo não corre como nos calendários que estipulam datas, meses e anos... Nosso tempo é contado a partir do imenso amor que sentimos – na memória presente – por nossas Raízes. Temos muito em comum, bem sabes... Toínhos, Raízes e Catrevagens. E as histórias de tudo aquilo que sentimos e vivenciamos nunca serão esquecidas, porque o coração lembra e conta tais histórias como “manchetes do dia”. Manchetes que a alma recorta e guarda para lembrar e sentir sempre. Que as tuas, as nossas e as RAÍZES de todo nosso povo sejam sempre abençoados. E que tu possas seguir sempre com esse olhar limpo, com essa sabedoria e com esse orgulho pelo que és e representas para todos nós. Carlos que me perdoe, desculpe-me e me entenda... Mas eu te ADORO AMIGA!
Obrigado por esse resgate tão lindo. Minha mãe está aqui com os olhos brilhando... Por isso a Minha Crônica do dia é sua.
À esquerda Bernadete (minha irmã) e à direita Bernadete (mãe de Dhotta)
E aos pés do teu comentário, àquela minha postagem, eu escrevi:
Hoje cumpro o que prometi. Se não consegui inspiração divina para as palavras, pelo menos as escrevo no dia 31 de agosto, dia em que o próprio Deus sentiu-se inspirado em te trazer ao mundo, presenteando a tua família e aos teus amigos com o teu nascimento."Meu amigo, fica difícil agradecer o que escreveste aqui. Primeiro porque tu escreves muito bem, segundo porque essa crônica não merece ficar escondida como um simples comentário. Hei de arranjar tempo e capacidade para colocá-la em evidência. O mundo precisa saber os motivos pelos quais tu e tua família são "raízes do meu coração”. Não quero esgotar aqui o que gostaria de te dizer, deixo para tentar verbalizar noutra oportunidade, em um dia daqueles em que as palavras são escritas pelas mãos, porém são consideradas inspirações divinas. Um beijo no teu coração! "
Nós temos raízes fincadas no mesmo chão, nascemos e passamos boa parte de nossas vidas apreciando a mesma paisagem, a Praça de São Pedro, cuja edificação foi uma iniciativa do meu saudosos pai, à época em que foi prefeito da nossa cidade.
Hoje, olhando para a mesma praça, você pode se orgulhar do seu belo projeto de revitalização, cujo resultado revela a competência do seu irmão, o arquiteto Camilo Costa, que lhe evolveu a beleza perdida pela destruição e descaso de outras administrações.
Nós temos origens semelhantes. Nossos antepassados viveram da produção agropastoril, os meus, do Sitio Maniçobas, os teus, do Sítio Penha. Além do que, através dos seus estabelecimentos comerciais, seguiram o mesmo ramo. Compravam e vendiam, em grosso e a varejo, alavancavam a economia do município. Davam empregos, distribuiam renda, ganhavam dinheiro, ajudavam aos pobres, faziam política, disputavam o mercado, importavam e exportavam mercadorias e deixaram para nós um exemplo de homens de bem que fizeram do trabalho honrado a maneira mais correta de subir na vida.
Por tudo isto, orgulho-me das minhas raízes e trago as tuas no meu coração.
Por tudo isto, orgulho-me das minhas raízes e trago as tuas no meu coração.
Na política, fomos adversários, os Penhas eram de Inácio Mariano Valadares, udenistas (UDN).
Os Piancós eram de Walfredo Paulino de Siqueira, pessedistas (PSD), porém, até onde eu sei, a preferência partidária jamais foi motivo para abalar a amizade e o respeito que sempre existiu entre nossas famílias.
Seu Tio, Luiz da Penha, foi um dos nossos melhores amigos, no que pese ter concorrido juntamente com meu pai, na chapa majoritária para prefeito de Itapetim, e, naquela ocasião, apesar de candidato derrotado, foi o primeiro a chegar na nossa casa para comemorar a nossa vitória.
Sem se falar da grande amizade que meus pais nutriam pelos seus avós maternos, Seu Albino e Dona Maria.
A nossa afinidade com Cléria e Adalberto Confessor (seu esposo), com Danda, Udo, que foi minha colega de ginásio, minha e de Beta minha irmã mais velha, em São José do Egito).
E o que dizer sobre a Drª Socorro? Para nós será sempre "Colinha de Toinho e Bernadete", pois que de tão meiga e delicada, continuará para sempre a ser aquela menina que veio, sozinha, à capital do estado para se formar em medicina, tornando-se presença constante em nossa casa, por intermédio da nossa prima, Ivani, sua grande amiga de infância, que também veio do interior para estudar, e morava conosco.
A amizade cresceu de forma que, posteriormente, tivemos a honra de ser seus padrinhos de casamento.
E o que dizer sobre a Drª Socorro? Para nós será sempre "Colinha de Toinho e Bernadete", pois que de tão meiga e delicada, continuará para sempre a ser aquela menina que veio, sozinha, à capital do estado para se formar em medicina, tornando-se presença constante em nossa casa, por intermédio da nossa prima, Ivani, sua grande amiga de infância, que também veio do interior para estudar, e morava conosco.
A amizade cresceu de forma que, posteriormente, tivemos a honra de ser seus padrinhos de casamento.
Dona Maria, sua avó, foi uma das grandes amigas de Dona Anita Rego (minha sogra), tanto é que foi convidada a posar junto com a família por ocasião da inauguração da Praça Aderbal Rego.
Por tudo isto, Dhotta, em todas essas lembranças, após tantos tropeços na SAUDADE, eu esbarro no AMOR fraterno que nos une à sua família, e por tudo isto, Dhotta, eu aproveito para te desejar, no dia de hoje, dia do teu aniversário, muitos anos de VIDA.
E por tudo isto, eu te dedico a canção de Roberto Carlos: "Eu quero ter hum milhão de amigos e bem mais forte poder cantar ..."
São coisas como estas que a gente não tira do coração.
Parabéns, amigo, obrigada por todas as atenções que de ti recebo.
P.S.
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7 comentários:
Nossa amizade é de raiz e acabou. Pronto! Impossível não a reconhecer como tal. É feito um nó bem dado, tipo aquele nó arrochado em punho de rede “véia” armada no oitão das paredes da amizade.... (rs!) Nossas afinidades hoje são praticamente seculares. Mas esbarrar em você ao longo de tua trajetória (uma dama quase hollywoodiana - segundo nosso amigo Paulo Patriota-) não era algo assim tão fácil. Mas hoje, conhecendo-te em essência. É tudo tão simples... Né? Principalmente depois de uma homenagem como essa. Eu chorei, não vou mentir... Emocionei-me porque me reconheci muito mais amigo seu do que pensava. E te digo uma coisa: Serei sempre teu amigo na proporção que me couber em sua vida e na dos seus. Um beijo lindo para você. E agora vou ler novamente para chorar só mais um “tiquim”...
Uma LINDA HOMENAGEM que você fez ao meu irmão tão querido! Emocionante mesmo Lusa... E é como irmã dessa pessoa maravilhosa, que digo, sem sombra de duvidas, essa homenagem que você fez para ele, só mesmo uma irmã ou um irmão seria capaz de fazer... Obrigado do fundo de meu coração!
Socorro Costa (colinha)
Estamos aqui Eu, Côla, Camilo, Aninha e uma "reca" de sobrinhos comemorando o aniversário dele. Essa foi uma das mais lindas homenagens que alguém, como você, poderia ter feito. Um beijo grato. Pois esse nosso irmão é uma dádiva de Deus para todos nós, não é? Obrigado Lusa. Não te conheço tanto assim, mas me atrevo a dizer que com tamanha sensibilidade demonstrada por aqui, passei a te gostar como a uma irmã. Beijo para você e para todos da família. E o seu netinho, filho de karlinha, é a coisa mais fofa do mundo.Abraço em Carlos e nos meninos.
Lusa,
Uma justa homenagem a esse grande escritor que (ainda) insiste em não se reconhecer como tal. Um abraço para sua família.
Camilo Costa
Tia Clérinha e Adalberto mandam lembranças para você e Carlos. Estamos todos emocionados aqui com a sua homenagem. E mais uma vez, Obrigada.
Meus caros amigos Dhotta e Lusa,
Logo ontem em data tão magnificente e sendo eu corujão ("bacurau da meia-noite",como diria Dona Rita) igual a ti,amiga,quase sempre alerta na alta madrugada (vejo que a publicação foi enviada às 03:03hrs),não pude acessar o RAÍZES,pois meu micro estava trabalhando em recuperação de imagens deletadas acidentalmente pelo programa "Recuva",que é - olha o contraste! - um software "pesado",e deixa o PC a passos de tartaruga,fazendo com que as páginas da internet travem enquanto o download se realiza - e durante o processo da colheita de fotos apagadas,eu assistia a TV no quarto de mamãe,onde durmo desde que ela nos deixou.
Dhotta,meu querido,saiba que nunca mais esqueço de tua natividade (minha displicência é acachapante,mas vou organizar uma agenda eletrônica logo mais!). Assim como jamais deslembrarei da hereditária generosidade que te pertence: por várias vezes te pedi LPs emprestados o que me foi cedido de pronto.
Com a belíssima homenagem de Lusa,todos nós compartilhamos do régio presente que ela te ofertou,fidalguia esplendente do vitral polido de sua alma,fecundo de fraternura.
Gozar da amizade de Vocês é uma grã fortuna.
Parabéns com beijabraços.
Lusa, que linda homenagem!
Dhotta merece, pois é um amigo muito querido.
Agora vou lá visitar esse "menino" *rs* :]
Beijos!
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