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quinta-feira, 22 de março de 2012

SANGUE VERDE DERRAMADO EM PLENO SERTÃO PERNAMBUCANO

VALEI-NOS SÃO SEBASTIÃO, PADROEIRO DA CIDADE! 

Brejinho - Sertão do Pajeú - Estado de Pernambuco


Vila de Fátima - Distrito de Brejinho - PE



IBHAMA

"O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, conforme art. 2o da Lei no 7.735, de 22 de fevereiro de 1989,  com a finalidade de: (Redação dada pela Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007). Tem como principais atribuições exercer o poder de polícia ambiental; executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização, monitoramento e controle ambiental; e executar as ações supletivas de competência da União de conformidade com a legislação ambiental vigente.” (NR).
Estrutura
O Ibama tem autonomia administrativa e financeira, sede em Brasília e jurisdição em todo o território nacional, e é administrado por um presidente e por cinco diretores. Sua estrutura organizacional compõe-se de: Presidência; Diretoria de Planejamento, Administração e Logística; Diretoria de Qualidade Ambiental; Diretoria de Licenciamento Ambiental; Diretoria de Proteção Ambiental; Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas; Auditoria; Corregedoria; Procuradoria Federal Especializada; Superintendências; Gerências Executivas; Escritórios Regionais; e Centros Especializados.

Atribuições
Cabe ao IBAMA propor e editar normas e padrões de qualidade ambiental; o zoneamento e a avaliação de impactos ambientais; o licenciamento ambiental, nas atribuições federais; a implementação do Cadastro Técnico Federal; a fiscalização ambiental e a aplicação de penalidades administrativas; a geração e disseminação de informações relativas ao meio ambiente; o monitoramento ambiental, principalmente no que diz respeito à prevenção e controle de desmatamentos, queimadas e incêndios florestais; o apoio às emergências ambientais; a execução de programas de educação ambiental; a elaboração do sistema de informação e o estabelecimento de critérios para a gestão do uso dos recursos faunísticos, pesqueiros e florestais; dentre outros.

Articulação
Para o desempenho de suas funções, o Ibama poderá atuar em articulação com os órgãos e entidades da administração pública federal, direta e indireta, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios integrantes do Sisnama e com a sociedade civil organizada, para a consecução de seus objetivos, em consonância com as diretrizes da política nacional de meio ambiente."

domingo, 11 de março de 2012

PÁSSAROS QUE VOAM EM BUSCA DE SUAS RAÍZES





PÁSSAROS SOLTOS


Hoje eu vi uma postagem de Enaide Alves, administradora do Blog Pássaros Soltos, que me chamou muita atenção. Na linha do tempo do seu face está um link que nos remete à fotos antigas da nossa terra natal. Trata-se de uma coletânea de fotos cedidas por Bernardo Ferreira (O garapa), advindas do extraordinário trabalho que fez esse nosso querido conterrâneo, o qual percorreu as ruas de Itapetim, indo de porta em porta, com um computador e um scanner debaixo do braço, pedindo acesso aos álbuns de família, para fins de postar no orkut e registrar a memória da nossa terra, antes que a traça destruísse aquele material guardado com tanto carinho, porém correndo sérios riscos de danos, diante do tempo que tudo destrói.
Outras fotos que lá estão, Enaide conseguiu através de blogs amigos ou, diretamente, com pessoas de seu ciclo de amizade. É louvável, Enaide, a coragem de postá-los, de maneira ordenada, dando nomes, especificando, registrando a memória pretérita da nossa terra, sem nada pedir em troca. Ao seguir o link indicado por Enaide - http://passarossoltos.blogspot.com/2011/07/galeria-de-fotos-antigas-da-cidade-de.html - confesso que fiquei emocionada, parecia estar abrindo as portas de um tesouro escondido: vi prédios com suas fachadas antigas, vi os que não mais existem, praças de outrora que hoje foram revitalizadas, vi fotos da infância e ou da adolescência de nossos velhos queridos, vi gente que já partiu e deixou muitas saudades, enfim, eu vi o que a minha memória guardou, mas vi também muitas coisas que não tinha tido conhecimento.
Fiquei deslumbrada diante daquele acervo, no entanto fiquei envergonhada por não encontrar nenhum comentário àquela postagem, fruto do esforço gratuito dos personagens envolvidos naquele projeto de resgate através de tão significativo acervo cultural da nossa amada Itapetim.
Naquele momento eu me lembrei de um site que havia descoberto nas pesquisas que fiz na Internet afim de embasar a História do meu primo Heráclio Felipe Barbosa, cuja terra natal é João Afredo/ Surubim.
Pois bem, o nome do Site é "Minha Rua tem Memória". É um extraordinário projeto que tem como objetivo resgatar a memória passada da cidade de Surubim. Hoje esse site conta com 1.022 seguidores, 1.080 colaboradores, e todo o município como simpatizante desse belíssimo projeto.
Por conta dessa lembrança que me veio à mente, deixei no blog de Enaide o seguinte comentário:

"Prima, belíssimo trabalho de coletânea de fotos da nossa amada terra natal. Mas, à moda Tonheiro Piancó (in memoriam): "Toinho, cadê meus cumpadi?" assim perguntou ele em uma eleição que havia sido candidato a vereador obtendo baixíssima votação.Agora eu que te pergunto: Naide, cadê os nossos "cumpadis"? Uma postagem dessa magnitude, com direito a link no facebook e, ao chegar aqui, vejo com muita tristeza zero de comentário.Gente, isso é um acervo cultural que não tem preço, é a memória viva da cidade onde nascemos! Visitei o blog de João Alfredo/Surubim, fiquei encantada com a participação da comunidade: interagindo, enviando fotos para o administrador do blog, fazendo comentários... O nome do blog é MINHA RUA TEM MEMÓRIA, cujo endereço é http://minharuatemmemoria.ning.com/ São 1.022 seguidores,1.080 colaboradores, eu sugiro que visitem esse site e constatem o orgulho que esse povo tem por sua terra natal. A você, Naide, os meus sinceros parabéns, temos muito em comum, talvez por isso te admiro tanto, por essa garra e por essa enorme vontade de homenagear pessoas que fazem ou fizeram parte da nossa História."
Vídeo sobre o que pensa a sociedade de Surubim sobre a implantação desse maravilhoso projeto : MINHA RUA TEM MEMÓRIA.





Clique no link abaixo e conheça esse extraordinário projeto.


quinta-feira, 8 de março de 2012

A TODAS AS MULHERES



No Dia Internacional da MULHER.

A TODAS AS MULHERES!

Às que vão chegar;
Às que aí estão;
Às que já passaram;
Às que já longe vão;

Às que muito amaram;
Às que amadas são;
Às que ainda amam;
Às que amarão!

Todas têm um M:
De MENINA menor, Mel;
De MOÇA média, Melhor, Melodia;
De MULHER maior, Maciez, Maravilha, Mãe, MARIA!

MARIA; que representa nome de toda mulher,
MARIA; Mãe de Jesus e esposa de José,
DONA MARIA a chamamos se não sabemos quem é.

Antônio José Leite

(Pinçado do mural do facebook do poeta amigo e conterrâneo, Antônio José, filho de seu Joaquim Leite (in memoriam))

quarta-feira, 7 de março de 2012

MORRE, EM SÃO PAULO, O PRIMEIRO PREFEITO DE BREJINHO-PE


 Ivo Vicente Ferreira(in memoriam), sua esposa Odete e filhos.

Dois dias após o sepultamento do meu inesquecível pai Antônio Piancó Sobrinho no cemitério local do Município de Itapetim-PE, eu fui surpreendida pela visita de um dos seu maiores amigos, Ivo Vicente, um parente que havia ido embora para São Paulo levando toda sua família, mas que mantinha por ele, mesmo à distância, uma enorme afeição e uma eterna gratidão.  
Eu nunca vou esquecer o gesto do nosso amigo que, ao entrar na nossa casa, com os olhos sangrando de lágrimas, abraçou-me carinhosamente e disse:
"Eu só soube ontem que Toinho havia falecido. Eu me neguei a acreditar e, mesmo sabendo que não iria mais vê-lo, que sequer iria chegar em tempo para o seu sepultamento, eu fui para o aeroporto e comprei minha passagem, porque eu precisava ver com meus próprios olhos o túmulo onde o enterraram, para cair nesta triste realidade. Mesmo assim, ainda me nego a aceitar tamanha perda, porque seu pai foi o melhor amigo que tive, foi a pessoa que mais se importou comigo nessa vida."
Aquele homem, chorando ali na minha frente, dividindo sua dor comigo, falando sobre o tamanho da perda que sentira quando lhe disseram que meu pai havia falecido, fez-me derramar lágrimas copiosas, porém doces lágrimas de gratidão eterna por aquele cidadão que saíra de tão longe para se juntar a nossa família e prantear a ausência do nosso pai.

Ontem soube que Ivo faleceu em São Paulo. Como me sinto pequena e mesquinha por não poder fazer igualmente ao que ele fez! Ah, se eu pudesse pegar um avião e chegar na sua residência, abraçar sua esposa Odete, que hoje já deve ter uma idade avançada, seus filhos que já não são mais crianças como nessa foto que ofertou a meu pai, e retribuir o seu gesto daquele 7 de janeiro de 1991, dois dias após o falecimento do meu saudoso pai, e dizer à sua família o que Ivo representou para meu pai: Um grande e fiel amigo. Lembrá-los, ainda, da admiração que sentia por ele, pela sua bondade, pela sua mansidão, pelo seu caráter irrepreensível de cidadão de bem, pelo esposo e pai dedicado que sempre foi.
Mas não vai ser possível, pois no "Trem da vida"  vamos percorrendo caminhos surpreendentes, mudamos de vagão e nos perdemos dos amigos, dos mais queridos e, de repente, recebemos a notícia de que desembarcaram para sempre, e não compartilharão mais conosco a viagem na qual havíamos embarcado juntos.

Adeus meu amigo, você vai se encontrar com meu pai primeiro do que eu, converse com ele sobre o que foi capaz de fazer naquele 6 de janeiro de 1991, certamente receberá dele o abraço que, hoje, pelas circunstâncias, não posso dar nos seus familiares. Nossos sinceros pêsames a toda família que reside no Sertão do Pajeú, Itapetim, São José do Egito, Brejinho e outros.

Muito obrigada pelo seu afeto, que Deus o receba na eternidade com todas as luzes divinas iluminando o seu espírito na Pátria Celestial. 






Dedico a toda sua família esse pequeno retalho da História do Município de Brejinho, para que guarde na memória em que contexto viveu Ivo Vicente Ferreira e em que momento contribuiu para o primeiro impulso de desenvolvimento daquele pequeno distrito, que outrora já pertenceu ao Município de Itapetim, minha terra natal.

HISTÓRIA DE BREJINHO-PE

"No ano de 1928, os poucos moradores que habitavam nesta localidade, procuram aperfeiçoar a idéia de uma reunião para tratar da possibilidade da ampliação de um lugarejo já existente e torna-lo mais conhecido, o qual já era ponto de parada para os comerciantes de São José do Egito, Teixeira e Itapetim, chamados de almocreves ou mascates os quais desciam dos animais com as mercadorias que almucrevavam onde também já vendiam seus produtos as famílias que existiam no lugar.Para marcar este encontro histórico, foi convidado o padre Sebastião Rabelo para celebrar uma missa na casa do senhor Emanoel Simão de Lima no dia 13 de fevereiro de 1928. Foi quando Brejinho ainda denominado de Tamboril deu seu primeiro passo para a cidade que hoje existe. Estavam presentes vários moradores da redondeza, os quais apoiaram essa idéia entre eles se destacaram Félix Moisés, Pedro Sampaio da Silva e José Gomes Sobrinho que tiveram a generosidade de doar o patrimônio para ampliação do lugarejo, iniciando-se a construção de casas dentro das possibilidades de cada um que, aumentou rapidamente  o número de casas construídas. Tendo como primeiro comerciante o senhor José Nunes do Brejo, em seguida, surgiram outros que muito contribuíram para o desenvolvimento como: Manoel Rezende de França (Manoel Lulu) com uma pequena indústria de descaroçar algodão, o senhor Artur Rocha com uma pequena bodega entre outros. Na seqüência veio à idéia da construção de uma capela que teve o incentivo e o apóio do Padre João Leite de Andrade a qual foi construída pelos próprios moradores, após a construção os moradores pensaram em um padroeiro e chegaram a conclusão que seria São Sebastião, sendo aprovado pelo Bispo de Pesqueira Dom José Lopes Sobrinho, doador da imagem ainda hoje existente, o padre João Leite de Andrade também muito contribuiu para a o desenvolvimento de Brejinho.Este município pertenceu a Itapetim como distrito até dezembro de 1963 e como capela, até 22 de agosto de 2008.Brejinho emancipou-se de Itapetim no dia 20/12/1963, projeto trabalhado pelo deputado estadual Walfredo Paulino de Siqueira e sancionado pelo governador Miguel Arraes de Alencar. A festa de emancipação aconteceu no dia 3 de Janeiro de 1964 tendo como prefeito interino Ivo Vicente Ferreira, empossado em 31/01/1964, o qual administrou o município até 31 de Janeiro de 1965...

A cultura de um povo depende da busca pelo resgate do que está esquecido ou escondido.
Levantamento feito pela Srª. Áurea Ferreira da Silva e Lira
 Brejinho 05/11/2008."


BREJINHO EM POESIA

Brejinho de José Nunes
E de Emanuel Simão
Pedro Sampaio e José Gomes 
Responsáveis pela ampliação 
Do pequeno lugarejo 
Veio a grande construção.

Brejinho de Sebastião
De seu Padre primeiro
Brejinho da pequena feira 
Debaixo de um juazeiro
Brejinho de outro Sebastião
Esse sendo o Padroeiro.

Brejinho do derradeiro
De maio na Foveira 
Brejinho do primeiro Prefeito
Ivo Vicente Ferreira
Brejinho de Manuel Lulu
E de Walfredo Siqueira.

Manuel Izidro Ferreira
Um poeta da Serraria 
A fera do Boqueirão
Vital a gente conhecia
Repentista do passado
Que nesse lugar vivia.

Brejinho da pedra grande
Do Pajeú tem a nascente
Da castanha do caju
Que dá lucro a muita gente 
E de um povo sofredor
Acima de tudo valente.

De um povo inteligente 
E com muita educação
De vaqueiro e vaquejada
De queda de boi no chão
Brejinho também valoriza
A cultura do sertão.

(Pinçado do Blog " Gislândio Araújo)

segunda-feira, 5 de março de 2012

A SAUDOSA ESCOLA DE SAMBA - OS BABECOS NO RITMO

Carnaval - Salão Grande do Padre João - Itapetim-PE
Da esquerda: Lila Piancó, Paulo Roberto Gonçalves, Dr. Soares e Edinólia, Zé Humberto e Bernadete
De pé: Fátima de Lozinha Piancó e Amaury Farias.


Enaide Alves, Filha de Manoel Messias (in memoriam) e da minha prima Isaura Piancó.
Seu Messias foi vereador, candidato a Prefeito de Itapetim e proprietário do mais famoso bar do centro da minha cidade natal.

O que a filha de seu Messias disse sobre a minha postagem: ITAPETIM, HOJE, SEM CARNAVAL
"Lusa,você, com seu talento e suas memórias, dá uma grande contribuição para nós Itapetinenses.Esta postagem leva-nos a um passado que nos traz muitas lembranças da nossa terra, de uma época em que nutríamos muitas esperança de um Brasil de futuro.
Lembro-me da letra da música do Dom e Ravel: VOCÊ TAMBÉM É RESPONSÁVEL


O que eu quero dizer, citando essa música, é que também somos responsáveis por PILARES IMPORTANTES DA SOCIEDADE, que vão desde à HISTÓRIA, à ECONOMIA, à CULTURA, à EDUCAÇÃO e à CIDADANIA, todas mencionadas nesta sua grandiosa postagem.Parabéns!"
25 de fevereiro de 2012 08:20
Com certeza o comentário de Enaide à minha postagem "ITAPETIM, HOJE, SEM CARNAVAL", tem como pano de fundo um desfile que aconteceu na minha terra no dia 7 de Setembro de 1968, quando um pelotão organizado por mim - na época em que fui professora da turma de professorandas do Colégio Normal Municipal -  fez suas evoluções ao som dessa música que acabamos de ouvir.

 Ozanira Alves (in memoriam), Nevinha Santos, Lila Piancó e Fia Ferreira
 Desfile do 07 de setembro de 1968

Vestindo blusas que traziam a inscrição "VOCÊ TAMBÉM É RESPONSÁVEL", o pelotão desfilou pelas principais ruas da cidade, e defronte ao palanque oficial fez suas evoluções. Nas mãos traziam um lápis gigante que simbolizava a alfabetização preconizada pelo MOBRAL (Movimento brasileiro de Alfabetização), sob o fundo musical da canção  postada acima.

Naquele ano estávamos em regime de Ditadura Militar, o meu saudoso pai era o Prefeito da minha cidade, e havia um programa de educação chamado MOBRAL ( Movimento brasileiro de Alfabetização), daí o tema escolhido para esse pelotão, em homenagem as classes menos favorecidas, de jovens e adultos, que não tinham tido a oportunidade de aprender a ler e a escrever.
"O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi um projeto do governo brasileiro, criado pela Lei n° 5.379, de 15 de dezembro de 1967, e propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, visando "conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida".Criado e mantido pelo regime militar, durante anos, jovens e adultos frequentaram as aulas do MOBRAL, cujo objetivo era propocionar alfabetização e letramento a pessoas acima da idade escolar convencional. A recessão econômica iniciada nos anos oitenta inviabilizou a continuidade do MOBRAL, que demandava altos recursos para se manter. Seus Programas foram assim incorporados pela Fundação Educar." (Fonte : Wikipédia)
No dia desse memorável desfile, a minha prima Enaide tinha apenas 10 anos de idade, mas ela guardou a mensagem daquelas professorandas: "Você também é responsável", introjetou na sua consciência a responsabilidade que temos, enquanto cidadãos, de participarmos de projetos voltados para a melhoria da qualidade de vida do nosso povo. 
E foi imbuída desse pensamento que ela fez o seu comentário à minha postagem, porque entende que o carnaval é uma das maiores manifestações culturais do povo brasileiro, portanto, por sua vez, sua terra não deve passar ao largo.

Ela também guarda na sua memória, na memória dos seus tempos de criança,os encontros da juventude itapetinense, realizados no Bar de seu Messias (in memoriam), em épocas de carnaval.

BAR DE SEU MESSIAS - LOCAL ONDE NASCEU A ESCOLA DE SAMBA DE ITAPETIM

SONHAR NÃO CUSTA NADA- MOCIDADE INDEPENDENTE
 ?

Vejo velhos rostos conhecidos, de amigos queridos que já partiram para outra dimensão:
Luiz de Souza Lima, João da Cruz, Pedrinho Rêgo, seu Miguel Costa, seu Messias, Diniz Ventura, Geraldo da penha, Laudenor e seu Vicente Padre.
Mas vejo também os velhos amigos que, como eu, ainda estão por aqui sentindo saudades dos velhos carnavais: Evaldo Costa, Leão e Pedrinho Machado.

EFEITOS SONOROS BATUCADA E ESCOLA DE SAMBA
?

E foi nesse mesmo bar, no início da década de 1960,  que surgiu a primeira, única e última escola de samba , tendo sido seu primeiro chefe o conterrâneo Pedrinho Machado.
Era um sábado de carnaval quando a moçada itapetinense se reuniu no bar de seu Messias para beber e conversar. Começaram a tamborilar pelas mesas, bater em garrafas vazias, cantar e dançar samba, animaram-se e sentiram firmeza na batucada. 
Um deles lembrou-se de uma frigideira para dar mais vida ao batuque, outro sugeriu tocar em panelas de alumínio, e essas ideias sobraram para Dona Zefinha Malta, a filha de Dona Júlia dos Correios, pois foram buscar na casa dela esses apetrechos que, doravante, passariam a ter outra função, seriam os instrumentos da escola de samba que acabara de nascer.
Chamaram-na de "OS BABECOS NO RITMO", numa alusão a tribo que deu origem ao nosso povo: Babicos.

Saíram do bar e ganharam as ruas, e o povo ao ouvir o som que tomava conta da cidade, ia abrindo as portas para ver a escola passar,  as moças maravilhadas se juntavam a ela, sambando e cantando numa alegria sem igual. Ainda me lembro dos componentes: Os irmãos Pedrinho e Tontonho Machado, Carlos Rêgo, Carlos Malta, Zé Carlos Patriota, Zênio de Zé Côco, Zé de Martim, Inaldo de Zezo...

A escola crescia cada vez mais, a cada ano aumentava o número de seus participantes. Quando Pedrinho foi embora para Brasília seu irmão Tontonho assumiu a chefia em seu lugar. 
A organização tomava corpo, no ano de 1966 Carlos Rêgo, que estudava em Recife, incrementou a escola com tamborim, cuíca, abobô e outros instrumentos. Juntaram-se ao grupo, Hamiltom Ricardo, Nego João, Amaury Farias, Luíz de Carminha, Tonheiro de Sinézio, Jason de seu Júlio Jordão (in memoriam)  entre outros. 
Durante o dia a escola segurava o carnaval de rua, as famílias a convidava para entrar em suas casas, servindo bebida e aperitivos gratuitamente. Era como se fôssemos a Grande Família: "Sambava pai, mãe, filho, e eu também era da família e também queria sambar" ....

Finalmente a escola chegou ao seu apogeu. Era o que de mais belo tínhamos para os carnavais de rua. Agora era preciso mostrar as cidades vizinhas como os "babecos" sabiam sambar. Mas era preciso uma roupa condizente com o carnaval. Compraram tecido para as camisas, calças brancas foram decoradas com fita na lateral, contrataram uma costureira oficial, para não correr o risco de sair uma diferente da outra.
Dona Galiana ( avó de Linda Simões), foi a escolhida para fazer as roupas da escola. Maria Anunciada (Marica de Tim), foi convidada para ser a Porta Estandarte. 
Pediram a seu Raimundo Brejeiro (in memoriam) sua camionete velha que, de tão velha, tinha  uma placa com os seguintes dizeres: MAIS VELHA É A MÃE, com isso ele não precisava responder aos insultos feitos à sua amada camionete.
Em outros anos a "Mais Velha é a Mãe", foi substituída pela "Cafuringa", também de propriedade de seu Raimundo.

Depois de toda essa organização, a escola estava pronta para se apresentar nos municípios vizinhos. Ao chegar às cidades, a sistemática era a mesma de Itapetim, as famílias abriam as portas, afastavam os móveis e deixavam o samba rolar, serviam comidas e bebidas de graça.
Na lista da visita a São José do Egito,  a primeira casa era a do ex-Prefeito Simão Leite e da ex-Primeira Dama Dona Madá Patriota, ambos já falecidos. Em seguida iam à casa de seu Pedro Chicó (in memoriam), um dos maiores comerciantes daquele município, e depois seguiam para a casa de Dona Dulce, casada  com o médico Dr. Arlindo Leite Lopes (in memoriam).
Além de São José do Egito, a escola também visitava Teixeira, uma vizinha cidade do estado da Paraíba, lá eram recebidos por Augustinho Camilo, Lulu Cassiano, Zé Leite (in memoriam), entre outros.

Que pena! Não tenho fotografia da primeira, única e última escola de samba da minha terra. 

E assim, Naide,  assumo também a "mea culpa" de ter deixado morrer a nossa cultura carnavalesca , sei que também sou responsável por isso, pois, "da riqueza não vem a cultura, mas da cultura vem a riqueza" (Sócrates) e o carnaval é, sem dúvida, um grande momento para externalizar a cultura e a criatividade de um povo.
Muito obrigada por sua interação, é maravilhoso não se sentir só, é maravilhoso poder compartilhar os nossos sentimentos com os nossos amigos.

sexta-feira, 2 de março de 2012

OS IRMÃOS ZÉ VIEIRA E JOÃO BOM - EX-COMPONENTES DA PPFOM

Os irmãos Zé Vieira e João Bom - ex-músicos integrantes da orquestra de Itapetim (PPFOM) na década 60/70


A saudade que sinto dos antigos carnavais de Itapetim tem a essência da poesia de um dos nossos grandes poetas, Antônio Pereira, que assim a definiu:

"Saudade é como um parafuso
 Que quando na rosca cai,
 Só entra se for torcendo,
 Porque batendo não vai,
 Depois que enferruja dentro,
 Nem destrocendo não sai".

Enferrujou, criou raízes no meu coração, não somente no meu, mas no de todos aqueles que desfrutaram daqueles tempos em que éramos felizes e não sabíamos.

E foi com o coração sangrando de saudades que a filha de Zé Vieira, Linda Simões, comentou a minha postagem anterior: " ITAPETIM, HOJE SEM CARNAVAL".


Linda Simões disse ...

"Com lágrimas de saudade, diante de tua narrativa, lembro de alguns carnavais que meu pai (Zé Vieira) e meu tio (João Bom) tocaram, com tanta habilidade, com tão grande amor à música, ao momento, à vida.É impressionante como o teu post me faz imaginar o quão esperado era esse momento de festa, de confraternização! Sim, confraternização.No carnaval! É possível, sim. Muitas pessoas ficavam à frente da orquestra, embevecidas, entregues àqueles momentos de um prazer que só a música pode proporcionar.Sem atropelos, sem confusões e sem violência. E depois,"arrudiando" o salão, pobres e ricos, sem preconceito, numa alegria geral...Dando voltas e voltas, risadas, acompanhamento das músicas que a orquestra tocava lindamente...Ai, saudade. E eu era somente uma criança, que vestia a fantasia e brincava a maior parte do tempo! Pois é, somos co-responsáveis por essa "lacuna" que agora se apresenta nos "carnavais" da modernidade globalizada.Será que ainda há tempo de plantarmos a "fantasia" e resgatarmos a história, construindo novos parâmetros para que a nossa própria história não morra?Sempre se pode elaborar um projeto e de mãos dadas com os filhos saudosos, independente de crenças políticas, classes sociais ou credo religioso, fazer a nossa parte, fomentando o interesse e o fortalecimento de "raízes" para a questão cultural e histórica de nosso povo.Um abraçoLinda Simões"

Tom de Dona Celina Lopes, abraçado com as amigas ....?

E assim, com as lembranças enroscadas na mente e no coração, Linda visualizou cenas que foram registradas em fotos, cujo valor para quem viveu àquela época é incomensurável:
"Sem atropelos, sem confusões e sem violência. E depois,"arrudiando" o salão, pobres e ricos, sem preconceito, numa alegria geral...Dando voltas e voltas, risadas, acompanhamento das músicas que a orquestra tocava lindamente..."

Salão Grande do Padre João
Professor Heráclio, ladeado à esquerda por Nilda (in memoriam), esposa de Evaldo Costa, e à direita por Vilma Ricardo.


Eu e Carlos Rêgo no meio do salão.





Dona Natália Ventura (in memoriam), na cabeça da mesa.
Laudenor (in memoriam) com Lourdes, sua noiva (hoje a viúva) sentado à frente do querido casal Socorro e Eudinho, ao seu lado esquerdo, eu, Carlos e Zé Fernando Vilar. Depois de Eudinho: Socorrinho Ventura, Coca de Tim, Jovelina Torres, Vilar Júnior e Maria do Socorro Rêgo.
Sentada, junto de Socorro Rêgo, Zilda de Tia Finoca (in memoriam)

E continua Linda Simões, no seu comentário, revivendo os nossos carnavais de outrora, descrevendo cenas que ouviu de outrem, cenas da sua memória de criança, da memória que não morre, pelo simples fato de ser a memória do coração, aquela onde ficam guardados os nossos amores, as nossas paixões, a nossa gente, a nossa família, a nossa terra natal... 
"É impressionante como o teu post me faz imaginar o quão esperado era esse momento de festa, de confraternização! Sim, confraternização. No carnaval! É possível, sim. Muitas pessoas ficavam à frente da orquestra, embevecidas, entregues àqueles momentos de um prazer que só a música pode proporcionar"... 
Linda Simões aos cinco meses de idade - 1968
Fonte (facebook de Angelita Simões, mãe de Linda)
"Ai, saudade. E eu era somente uma criança, que vestia a fantasia e brincava a maior parte do tempo! Pois é, somos co-responsáveis por essa "lacuna" que agora se apresenta nos "carnavais" da modernidade globalizada."
Eu já tinha meus dezenove anos, quando Linda ainda era um bebê de 5 meses. As nossas raízes já haviam se entremeado, através da amizade que unia a minha família ao seu avô seu Cícero Vieira. Zé Vieira e João Bom, seus tios, além de músicos, desempenharam as profissões de mestre de obras e marceneiro, respectivamente.

Hoje, Zé Vieira, já com idade avançada, deve sentir orgulho quando passa defronte a casa dos meus pais, a qual foi construída por seu Cláudio Leite em 1953, e por ele, ainda quase um menino, como discípulo desse grande mestre. Anos mais tarde a casa passou uma grande reforma, cujos serviços lhes foram confiados, e sob sua direção os pedreiros realizaram a nova planta elaborada pelo arquiteto autodidata que foi meu saudoso pai.

Nossa casa reformada pelo Mestre de Obras Zé Vieira.
Detalhe: Ainda não tínhamos calçamento, e a casa é situada na entrada principal da cidade, imagine a situação da periferia.
Debruçados na varanda: Meu pai e minha mãe (in memoriam)
Não consigo conhecer a pessoa que passava pela calçada, naquele momento.
Fotografia encontrada na pasta de documentos do meu saudoso pai (em 1991, ano em que faleceu)

Zé Vieira

Mas se a construção da nossa casa ainda hoje é motivo de orgulho para nós e para o próprio Zé Vieira, o que dizer da nossa maior edificação, que é a nossa Igreja Matriz, uma das mais belas do nosso estado, cuja construção pelo mestre Cláudio Leite traz também a marca das hábeis mãos desse artista plural que, além de músico, foi também um grande mestre de obras? Talvez, se possa dizer que ele é, sem dúvida, um engenheiro sem diploma.

1953

A arte e a habilidade dos filhos de seu Cícero Vieira não estão apenas na memória do povo da minha terra, estão materializadas nas obras que deixam para a posteridade. Cada um deles revelava seu talento no que se propunha a fazer, deixando sempre a marca de qualidade nos trabalhos desenvolvidos, a seriedade e a honestidade no trato com o cliente, atributos que atualmente estão se tornando cada vez mais raros.  Se Zé Vieira consagrou seu nome na alvenaria, veja o que foi capaz de fazer o mestre João Bom como carpinteiro:


Cama do casal Antônio e Rita Piancó (feita por João Bom)

Conservada até hoje na casa dos meus pais, é uma obra de arte feita pelas mãos habilidosas de seu João Bom, que passará para a minha posteridade.

Depois desse passeio no túnel do tempo, provocado pela poetisa Linda Simões, só me resta agradecer-lhe por interagir nesse blog, com o seu brilhante comentário, fechando essa postagem com um dos seus belos poemas:

DAS COISAS QUE EU SEI

Das coisas que eu sei
Sou eterna.
Levo comigo o conhecimento
E na volta,
Reconheço-me
Nas coisas que eu sei.
Trago na bagagem o essencial
E em cada paragem,
Adiciono-me
Nas coisas que eu sei.
Das coisas que eu sei
Nem mesmo sei.