Ao retornarmos da nossa viagem de férias, logo avistei o convite para a festa de aniversário de Gleicy que havia ficado sobre a minha escravaninha. O convite nos avisava que o tema da festa seria "Anos 60".
Ah! Anos 60! Acendeu-se no meu coração a chama que outrora me tinha queimado por dentro e por fora naqueles anos idos de juventude. A primeira das lembranças que me surgiram na mente foi a da casa do saudosos Dr. Clístenes Leal, cujas portas se abriam aos sábados à noite para receber a turma do iê iê iê da minha pequenina Cidade, Itapetim.
Dr. Clístenes Leal (in memoriam) e seus filhos Fernando e Gilberto
(Construção da sua residência)
Do iê-iê-iê? Nunca havia me perguntado a origem disso. "Iê-Iê-Iê" foi usado como denominação do rock'n'roll brasileiro da década de 1960. O termo surgiu a partir da expressão yeah, yeah, yeah, presente em algumas canções dos Beatles, como She Loves You, por exemplo, o mesmo aconteceu na França onde o pop rock local sugido em meados dos anos 50 recebeu o nome de Yé-yé.
O diferencial do iê-iê-iê para a MPB tradicional era que nos acompanhamentos das canções havia sempre as guitarras elétricas substituindo o violão. Depois seria introduzido o órgão eletrônico, no lugar do piano. O rock começou a dominar o iê-iê-iê a partir dos grupos que se apresentavam no programa Jovem Guarda.
Outro dia encontrei um arquivo na net sobre a Jovem Guarda. Tratava-se de uma aula de História na qual o autor dizia que havia preparado aquele material para que os alunos pudessem ficar a par de como viveram socialmente seus "antepassados". Antepassados? Santo Deus! Eu que, até então, achava que "antepassado" era termo para meu bisavô, meu avô ... E agora eu estava enquadrada também.
Pensando bem, até que mereço o enquadramento, pois já estava com dez anos quando Brasília, a nova capital do meu país, foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960, época em que cursava o primeiro ano ginasial no Colégio Normal São José, na Cidade de São José do Egito.
Aos onze anos de idade eu tive a notícia de que o primeiro homem havia ido ao espaço sideral, o cosmonauta Yuri Gagarin, mas só soube disto por causa do frevo "A lua disse", sucesso do carnaval pernambucano de 1962, na voz de Evaldo França:
"Gagarin subiu, subiu, subiu, / foi até o espaço sideral, / chegou perto da lua e sorriu, / vou embora pro Brasil que o negócio é carnaval. / A lua disse: "Não vá, demore mais, / pois ouvi que lá na Terra querem me passar pra trás" / Mas o gagarin não ligou e deu no pé: / "Vou mesmo pro Brasil, eu quero é conhecer Pelé".
Enquanto no Brasil o Presidente Jânio Quadros renunciava, nos Esatados Unidos as relações Diplomáticas com Cuba foram cortadas. Foi uma década onde perdemos pessoas muito importantes no cenário mundial:
O presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, foi assinado durante uma visita a Dallas, no Texas, em outubro de 1967 Che Guevara foi executado na Bolívia e em 4 de abril de 1968 Martin Luther King Jr também perdeu a vida em defesa dos direitos civis do negros dos EUA.
Poucos privilegiados tinham televisão na minha terra, e, mesmo assim, a imagem era péssima. Não se tinha jornais nem revistas e as notícias do mundo, para os demais, chegavam pelo rádio.
Vivenciei essa década, de 1963 a 1969, como filha do prefeito da cidade. Em 31 de Março de 1964 o golpe militar derrubou o presidente João Goulart e o mandato de prefeito do meu pai foi prorrogado por mais dois anos.
Em 9 de Fevereiro de 1965 as primeiras forças de combate dos EUA são enviadas para o Vietnã do Sul. Começa a Guerra. Quem não lembra da uma das músicas mais ouvidas pela nossa geração? Era um garoto, que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones ...
Quando li o convite de Gleicy relembrei com muitas saudades aqueles embalos dos sábados à noite na residência do amigo inesquecível, primeiro médico da minha cidade, a quem minha família devotou imensa afeição. Dona Ivanira (in memoriam) sua esposa, nos acolhia com muita simpatia. Transformavam a sala de visitas no dancing e a radiola se encarregava de soltar o som no ambiente com as músicas da época, todos entravam no embalo do rock e do twister. Pouco a pouco as famílias itapetinenses foram se revesando e, a cada sábado, escolhíamos uma casa para realizar os nossos famosos "arrastões".
Outro dia encontrei um arquivo na net sobre a Jovem Guarda. Tratava-se de uma aula de História na qual o autor dizia que havia preparado aquele material para que os alunos pudessem ficar a par de como viveram socialmente seus "antepassados". Antepassados? Santo Deus! Eu que, até então, achava que "antepassado" era termo para meu bisavô, meu avô ... E agora eu estava enquadrada também.
Pensando bem, até que mereço o enquadramento, pois já estava com dez anos quando Brasília, a nova capital do meu país, foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960, época em que cursava o primeiro ano ginasial no Colégio Normal São José, na Cidade de São José do Egito.
Aos onze anos de idade eu tive a notícia de que o primeiro homem havia ido ao espaço sideral, o cosmonauta Yuri Gagarin, mas só soube disto por causa do frevo "A lua disse", sucesso do carnaval pernambucano de 1962, na voz de Evaldo França:
"Gagarin subiu, subiu, subiu, / foi até o espaço sideral, / chegou perto da lua e sorriu, / vou embora pro Brasil que o negócio é carnaval. / A lua disse: "Não vá, demore mais, / pois ouvi que lá na Terra querem me passar pra trás" / Mas o gagarin não ligou e deu no pé: / "Vou mesmo pro Brasil, eu quero é conhecer Pelé".
Enquanto no Brasil o Presidente Jânio Quadros renunciava, nos Esatados Unidos as relações Diplomáticas com Cuba foram cortadas. Foi uma década onde perdemos pessoas muito importantes no cenário mundial:
O presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, foi assinado durante uma visita a Dallas, no Texas, em outubro de 1967 Che Guevara foi executado na Bolívia e em 4 de abril de 1968 Martin Luther King Jr também perdeu a vida em defesa dos direitos civis do negros dos EUA.
Poucos privilegiados tinham televisão na minha terra, e, mesmo assim, a imagem era péssima. Não se tinha jornais nem revistas e as notícias do mundo, para os demais, chegavam pelo rádio.
Vivenciei essa década, de 1963 a 1969, como filha do prefeito da cidade. Em 31 de Março de 1964 o golpe militar derrubou o presidente João Goulart e o mandato de prefeito do meu pai foi prorrogado por mais dois anos.
Em 9 de Fevereiro de 1965 as primeiras forças de combate dos EUA são enviadas para o Vietnã do Sul. Começa a Guerra. Quem não lembra da uma das músicas mais ouvidas pela nossa geração? Era um garoto, que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones ...
Em 20 de Julho de 1969 Neil Alden Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua, como comandante da missão Apollo 11. Nã posso esquecer do meu cunhado Aderbal (in memoriam), o irmão mais velho do meu marido, quando fez suas observações sobre aquela importante conquista para o mundo. Ele olhava para as pessoas que disputavam um lugar diante da televisão e dizia repetidas vezes:
- Deixem de ser bobos, num tá vendo que isso mentira. Onde já se viu uma coisa dessa! Que homem na Lua coisa nenhuma!
Interessante é que há poucos dias atrás lí algo nesse sentido, não me lembro mais quem escreveu, mas o artigo punha em dúvida uma das mais importantes conquistas dos Estados Unidos da América.
Interessante é que há poucos dias atrás lí algo nesse sentido, não me lembro mais quem escreveu, mas o artigo punha em dúvida uma das mais importantes conquistas dos Estados Unidos da América.
Tenho a impressão de que meu cunhado estava influenciado por essa música do carnaval de 1961 gravada por Ângela Maria.
Antes de sairmos para a festa de Gleicy eu me lembrei, com muita saudade, de vários dos nossos amigos que fizeram parte do nosso grupo nos anos sessenta. Com o coração apertado me lembrei de Vilani e Jazon (in memoriam). Não esqueci do amigo Zé Belém que dava os melhores passos no twister. Nem tampouco de Amauri, Peba do Padre, Hamilton, Ednólia, Giba, Gracinha de Dona Otacília, Leninha, Nevinha, Lourdinha e Do Carmo de Zé Dentista, Dadinho, Poroca, Socorro, Zé Carlos Malta, Madá Lenheiro, Pedrinho, Gracinha de Zezo, Bernadete e Zé Humberto, tantos outros que aqui não teria espaço para citar.
Prontos para a festa, a minha neta Mariana registrou em foto. A foto colorida foi vista pelos olhos e a preto e branco pelo coração. Afinal, estávamos prontos para entrar no túnel do tempo, iríamos aos Anos 60, anos Dourados.
1968 - Festa no Colégio Normal Municipal de Itapetim
Em cada uma das músicas, uma doce recordação: um rosto de um amigo, um gesto, um passo de dança, uma piada, um perfume, uma história, nos leva a certeza de que "tem coisas que a gente não tira do coração" e os Anos 60 vividos na nossa terra é uma delas.
MOMENTOS NA FESTA
Para Gleicy, desejando-lhe muitos anos de vida.
Meus agradecimentos pela oportunidade de participar
da sua "Festa de Arromba"
VEJA TODAS AS FOTOS
DEDICO ESTA POSTAGEM A ANIVERSARIANTE E AOS QUE
CONVIVERAM COMIGO NA DÉCADA DE 1960
Visite "Pássaros Soltos" - Blog de Enaide Alves e veja mais fotos desta "Festa de Arromba"
5 comentários:
Obrigada Lusa pelo gesto de carinho, atençao e delicadeza que comentaste em seu blog o meu niver, e agradecer a você e Carlos pela presença.
Mesmo que a palavra "OBRIGADO" signifique tanto, nao expressará por inteiro o quanto o seu gesto atencioso e delicado foi importante para mim.
Beijos fica com DEUS.
Ano que vem tem mais festa de arromba se DEUS permitir.
Prima, fiquei muito emocionada com sua postagem, obrigada por compartilhar conosco momentos tão agradáveis, assim como as boas lembranças.
Beijos
Lusa,
Achei tudo de uma elegância extrema,muito bom gosto. Adoro ver tanta gente de Itapetim, cidade que amo e trago no coração.Parabéns à aniversariante, que Nossa Senhora esteja sempre guiando seus passos.
Ah,estás belíssima na foto de 1968.E continuas com esse glamour que já faz parte de tua aura, não importando a idade.
Um grande beijinho,
Linda Simões
Inicialmente, quero desejar a aniversariante muitas felicidades pela passagem do seu níver,e também pela festa belíssima que ofereceu aos amigos e família.Dizer também para você minha irmã, que esse seu empenho me proporcionou momentos de grande alegria, recordações e lembranças dos nossos entes queridos que já não mais encontam-se entre nós.O nosso saudoso Drº Clístenes, Dona Ivanira, sua esposa, que com tanto carinho abriam as portas da sua casa e também dos seus corações para ajudar a uma juventude que tanto tinha para oferecer de bom , mas que pouco encontrava para satisfazer também os seus ideias de jovens sadios e equilibrados.Ao contrário dos dias de hoje,é raro o jovem buscar nessas ocasiões pura e simplesmente o lazer e a alegria da convivência entre todos. Quero lembrar que também vi no rosto do nosso pai querido o desejo de construir uma sociedade sadia.Acompanhava com tanto zelo as festividades educacionais, via na sua obra realizada a felicidade de todos aqueles jovens que anteriormente a sua permanência como homem público, sonhavam e tinham essa esperança de também serem valorizados como pessoas obtendo os seus direitos de cidadãos.Só aqueles pai que não trazem consigo a gratidão pelo recebimento poderão negar-lhe esse agradecimento.A começar por mim, não como tua filha, mas como filha desta terra, que tão pouca condições ainda oferta aos seus filhos.Muito obrigada por mim e por todos que ainda não alcançaram a humildade de agradecer.Você minha irmã,não deve parar. Não deve deixar de levar ao mundo esses momentos em que ficou registrado o quanto a humanidade do ontem vivenciava o bem. Para que desperte nessa juventude enferma do hoje o quanto estão fazendo para suas destruições. Que Deus te abençoe por mais esse empreendimento e pelas tuas mãos abençoadas.Você estava linda!
LUSA COMO SEMPRE TEUS COMENTÁRIOS SÃO HISTÓRICOS E REPRESENTAM MUITO BEM A TUA ÍNDOLE DE ESCRITORA . A FESTA DE GLEICE REALMENTE FOI DE ARROMBA E DEIXASTES A MARCA REGISTRADA DOS BONS TEMPOS VIVIDOS EM ITAPETIM COM TODOS OS JOVENS DAQUELA ÉPOCA E QUE HOJE AINDA SE ENCONTRAM RECORDANDO AQUELES QUE JÁ PARTIRAM E DEIXARAM SAUDADES E DANDO CONTINUIDADE A HISTÓRIA DE CADA UM, E DO ITAPETIM DE OUTRORA . PARABÉNS AMIGA ADOREI TEU COMENTÁRIO RICO EM INFORMAÇÕES BOAS LEMBRANÇAS , CARINHO E AFETO . BEIJO DE CARLINDA
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