Amar a Natureza é uma das mais belas formas de amar a Deus. Quem ama a Deus, sobre todas as coisas, ama ao próximo como a si mesmo. A Natureza é vida, e o que é a vida senão a própria manifestação de Deus? Deus também se manifesta através dos nossos sentimentos, aqueles que guardamos no fundo dos nossos corações. E não é o coração o orgão a quem atribuimos ser a Casa de Deus?
Quando cometemos insensatez, desatinos e qualquer espécie de mesquinhez, logo, ouvimos dizer que a causa é falta de Deus no coração.
Mas Deus é misericordioso, basta-nos o arrependimento sincero do que lhe causou desapontamento que Ele volta à nossa morada.
Mas por que estou abordando esse assunto que, à primeira vista, nada tem a ver com o motivo desta postagem de hoje?
É porque ontem, dia 3, dia do aniversário da minha filha Karla, eu li uma postagem no Blog de Paulo Patriota, cujo título era "
A LUZ DO CORPO SÃO OS OLHOS", e lá está escrito:
"... Enfim, devemos a uma amiga transcendental (talvez ela não saiba o volume de sua importância no nosso ciclo atual da mansidão) toda reorientação íntima de hoje que nos anima, ela, que ensinou-nos a consultar o coração sempre, porque ele é a ressonância da entidade unificadora que nos habita. Amiga que é um perfume jamais votalizado, cujo aroma nunca dissipar-se-á do seu jardim humano. Ela, a que nomeamos amiga maternal porque é mãe, e só as mães amam incondicionalmente sem renúncia."
Minutos depois recebi um e-mail de Paulo com a seguinte mensagem:
"Lusa, prima querida, só depois de postar minha croniqueta de hoje vim até aqui. Foi dedicada à Você, viu? E olha como terminei: "E só as mães amam incondicionalmente com renúncia".
Bendito o ventre que fez desabrochar as jóias do teu escrínio materno.
Um terno beijo."
Motivada por essa dedicatória do nosso amigo Paulo, eu não encontraria nada mais apropriado para homenagear a nossa amiga Carlinda, neste dia do seu aniversário, senão a transcrição (que guardei no meu coração) do que Paulo escreveu para ela em um comentário à postagem que fiz "CORRE MEL EM PLENO RIACHO SALGADO", numa alusão ao Sítio em que ela nasceu.
"Parabéns, Carlinda, poetisa das Pedras Soltas, feliz aniversário! Homenagem mais que merecida, justíssima,encaixada à tua magnificência humana. Congratulo a ti também, Naide, pelo régio preito cujo desfecho emociona e a imagem, idem. Beijos a ambas. Paulo Patriota"
Em agradecimento ao meu amigo Paulo, por atribuir-me uma parcela de contribuição para a sua atual reorientação íntima, estimulando-o a pensar com o coração, é que republico o seu comentário feito por ocasião do lançamento do Blog de Carlinda
CORRE MEL EM PLENO RIACHO SALGADO! , e dessa feita ficará gravado para sempre, porque no coração não existe a tecla "delete" para o bem que fazemos aos nossos irmãos.
Eis o que Paulo escreveu com o coração, sobre Carlinda, que nunca pude deletar:
"Não sei nem como começar...
Lusa é a poetisa da prosa escrita; Carlinda fez com que suas décimas (hosanas ritmadas), que as sei de cor um punhado, se transformassem na sinfonia de um disacúsico.
O estilo é o ser. Então, na mais mínima oração, a alma se revela em tríplice harmonia, santíssima trindade espiritual que escalona o degrau que dá ao portal do Paraíso almático que se revela em poucas linhas ou falas.
Já a intitulei de Majestade do Pajeú, mas achei pouco; então a defini assim: Sua Excelência, a Sertanejidade.
Todas as minhas croniquetas relativas ao Sertão foram inspiradas nela - e continuarão sendo.
Quando a filha de Dona Alzira conversa, desce sobre todos seu véu interior, como uma brilhante núncia de um flor de mandacarú.
Daqui por diante, mais omisso eu seria no meu narrar - e mais confuso ficaria do que balbuciar de infante - em tentar defini-la,posto que ela, sendo um ente singular, é plural.
Conheci-a em 1986 e tenho tudo o que então ela me presenteou, sendo ela um pedaço de mamãe, pois foram amigas de infância e são contemporâneas.
Carlinda, rouxinol que canta o princípio, o meio e o fim,desculpai o que te pude ferir.
Faze do meu erro brumoso uma rubra lua do perdão, porque em mim invade velha saudade de ti.
Obrigado, Lusa, teu RAÍZES congrega para que redoure-mo-nos em força, em graça, em vida, em luz.
Beijos para ambas.
Quando Carlinda me convidou para um passeio histórico e sentimental até à Fazenda São Pedro, fiz questão de prová-la que sei inúmeras décimas da mesma, dizendo, em tom de embolada, uma quando subíamos a ladeira da Serrinha:
"Cachoeira dos Vicentes
Da cana do doce fino
Na seca ou nas enxentes
Teu solo é quase divino
Vizinha da Boa Vista
Lá de Seu Pedro Batista
E do Caramucuqui
Do Recanto e da Serrinha
Onde o cantar da rolinha
É diferente daqui..."
Uma vez,quando faltou energia (mamãe já estava doente),no mês junino,estávamos ela,Pai Zezo,Dona Hilda,Titia Vila,Titia Graça,Bamba e Olavo lá na calçada de Vovó e eu disse,no tom exato,estas três da Majestade:
"Sou filha de Itapetim
Cidade das Pedras Soltas
Que dos Sertões é jardim
O lirismo cai em gotas
Envolvendo a típica aragem
E dando vida à paisagem
Daquele árido rincão
Onde a torre imponente
Da igreja ali presente
Se faz ornamentação!"
"Saudade de Itapetim
Do cheiro do marmeleiro
Das vassouras de alecrim
Das flores do cajueiro
No inverno é um jardim
Na seca é um tabuleiro
Que não nasce nem capim
Mas é um grande celeiro
De cactos,pedras,enfim
Que ornamentam o Cruzeiro!"
"Saudade lá dos sítios
Das castanhas de cajú
Das bolachas das Emídios
Das cocadas do umbú
Dos causos,contos e piadas
Do som daquelas risadas
Na casa de Dona Juva
Dos bolinhos de Teodora
Da casa de mãe agora
Até do cheiro da chuva..."
Pai Zezo atento; Titia Vila, emotiva por demais, muito pregada às raízes, com os olhos rasos d'água."
3 de dezembro de 2010 17:27
A expressão de Carlinda, ao contemplar a natureza, parece contemplar a própria Essência de Deus : O amor. Se fomos criados para amar, e atender aos apelos do nosso coração, é o que estou fazendo agora, estou devolvendo para Carlinda, como presente de aniversário, o amor que Paulo extravasou no que acabo de trancrever.
4 Vozes - Essência de Deus