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terça-feira, 2 de novembro de 2010

OH! MORTE, OH! SERENA MAJESTADE!




PARA OS AMIGOS QUE , COMO EU,  SOFREM PELA SEPARAÇÃO DOS ENTES QUERIDOS:

"Sobre a Terra, tudo é ilusão, tudo passa, tudo se transforma de um instante para outro. O que conta é o que guardamos dentro de nós, tudo mais há de ficar com o corpo, que se desfará em pó.“ Chico Xavier 

“Devemos aceitar a chegada da chamada morte, assim como o dia aceita a chegada da noite – tendo confiança que, em breve, de novo há de raiar o Sol !... “

A MORTE NÃO EXISTE

"A morte é uma simples mudança de estado, a destruição de uma forma frágil que já não proporciona à vida as condições necessárias ao seu funcionamento e à sua evolução. Para além da campa, abre-se uma nova fase de existência. O Espírito, debaixo da sua forma fluídica, imponderável, prepara-se para novas reencarnações; acha no seu estado mental os frutos da existência que findou.

     Por toda parte se encontra a vida. A Natureza inteira mostra-nos, no seu maravilhoso panorama, a renovação perpétua de todas as coisas. Em parte alguma há a morte, como, em geral, é considerada entre nós; em parte alguma há o aniquilamento; nenhum ente pode perecer no seu princípio de vida, na sua unidade consciente. O Universo transborda de vida física e psíquica. Por toda parte o imenso formigar dos seres, a elaboração de almas que, quando escapam às demoradas e obscuras preparações da matéria, é para prosseguirem, nas etapas da luz, a sua ascensão magnífica.

     A vida do homem é como o Sol das regiões polares durante o estio. Desce devagar, baixa, vai enfraquecendo, parece desaparecer um instante por baixo do horizonte. É o fim, na aparência; mas, logo depois, torna a elevar-se, para novamente descrever a sua órbita imensa no céu.

     A morte é apenas um eclipse momentâneo na grande revolução das nossas existências; mas, basta esse instante para revelar-nos o sentido grave e profundo da vida. A própria morte pode ter também a sua nobreza, a sua grandeza. Não devemos temê-la, mas, antes, nos esforçar por embelezá-la, preparando-se cada um constantemente para ela, pela pesquisa e conquista da beleza moral, a beleza do Espírito que molda o corpo e o orna com um reflexo augusto na hora das separações supremas. A maneira por que cada qual sabe morrer é já, por si mesma, uma indicação do que para cada um de nós será a vida do Espaço.

     Há como uma luz fria e pura em redor da almofada de certos leitos de morte. Rostos, até aí insignificantes, parecem aureolados por claridades do Além. Um silêncio imponente faz-se em volta daqueles que deixaram a Terra. Os vivos, testemunhas da morte, sentem grandes e austeros pensamentos desprenderem-se do fundo banal das suas impressões habituais, dando alguma beleza à sua vida interior. O ódio e as más paixões não resistem a esse espetáculo. Ante o corpo de um inimigo, abranda toda a animosidade, esvai-se todo o desejo de vingança. Junto de um esquife, o perdão parece mais fácil, mais imperioso o dever.

     Toda morte é um parto, um renascimento; é a manifestação de uma vida até aí latente em nós, vida invisível da Terra, que vai reunir-se à vida invisível do Espaço. Depois de certo tempo de perturbação, tornamos a encontrar-nos, além do túmulo, na plenitude das nossas faculdades e da nossa consciência, junto dos seres amados que compartilharam as horas tristes ou alegres da nossa existência terrestre. A tumba apenas encerra pó. Elevemos mais alto os nossos pensamentos e as nossas recordações, se quisermos achar de novo o rastro das almas que nos foram caras.

     Não peçais às pedras do sepulcro o segredo da vida. Os ossos e as cinzas que lá jazem nada são, ficai sabendo. As almas que os animaram deixaram esses lugares, revivem em formas mais sutis, mais apuradas. Do seio do invisível, onde lhes chegam as vossas orações e as comovem, elas vos seguem com a vista, vos respondem e vos sorriem. A Revelação Espírita ensinar-vos-á a comunicar com elas, a unir os vossos sentimentos num mesmo amor, numa esperança inefável.

     Muitas vezes, os seres que chorais e que ides procurar no cemitério estão ao vosso lado. Vêm velar por vós aqueles que foram o amparo da vossa juventude, que vos embalaram nos braços, os amigos, companheiros das vossas alegrias e das vossas dores, bem como todas as formas, todos os meigos fantasmas dos seres que encontrastes no vosso caminho, os quais participaram da vossa existência e levaram consigo alguma coisa de vós mesmos, da vossa alma e do vosso coração. Ao redor de vós flutua a multidão dos homens que se sumiram na morte, multidão confusa, que revive, vos chama e mostra o caminho que tendes de percorrer.

     Ó morte, ó serena majestade! Tu, de quem fazem um espantalho, és para o pensador simplesmente um momento de descanso, a transição entre dois atos do destino, dos quais um acaba e o outro se prepara. Quando a minha pobre alma, errante há tantos séculos através dos mundos, depois de muitas lutas, vicissitudes e decepções, depois de muitas ilusões desfeitas e esperanças adiadas, for repousar de novo no teu seio, será com alegria que saudará a aurora da vida fluídica; será com ebriedade que se elevará do pó terrestre, através dos espaços insondáveis, em direção àqueles a quem estremeceu neste mundo e que a esperam.

     Para a maior parte dos homens, a morte continua a ser o grande mistério, o sombrio problema que ninguém ousa olhar de frente. Para nós, ela é a hora bendita em que o corpo cansado volve à grande Natureza para deixar à Psique, sua prisioneira, livre passagem para a Pátria Eterna.

     Essa pátria é a Imensidade radiosa, cheia de sóis e de esferas. Junto deles, como há de parecer raquítica a nossa pobre Terra” O Infinito envolve-a por todos os lados. O infinito na extensão e o infinito na duração, eis o que se nos depara, quer se trate da alma, quer se trate do Universo.

     Assim como cada uma das nossas existências tem o seu termo e há de desaparecer, para dar lugar a outra vida, assim também cada um dos mundos semeados no Espaço tem de morrer, para dar lugar a outros mundos mais perfeitos.

     Dia virá em que a vida humana se extinguirá no Globo esfriado. A Terra, vasta necrópole, rolará, soturna, na amplidão silenciosa.

     Hão de elevar-se ruínas imponentes nos lugares onde existiram Roma, Paris, Constantinopla, cadáveres de capitais, últimos vestígios das raças extintas, livros gigantescos de pedra que nenhum olhar carnal voltará a ler. Mas, a Humanidade terá desaparecido da Terra somente para prosseguir, em esferas mais bem dotadas, a carreira de sua ascensão. A vaga do progresso terá impelido todas as almas terrestres para planetas mais bem preparados para a vida. É provável que civilizações prodigiosas floresçam a esse tempo em Saturno e Júpiter; ali se hão de expandir humanidades renascidas numa glória incomparável. Lá é o lugar futuro dos seres humanos, o seu novo campo de ação, os sítios abençoados onde lhes será dado continuarem a amar e trabalhar para o seu aperfeiçoamento.
     No meio dos seus trabalhos, a triste lembrança da Terra virá talvez perseguir ainda esses Espíritos; mas, das alturas atingidas, a memória das dores sofridas, das provas suportadas, será apenas um estimulante para se elevarem a maiores alturas.

     Em vão a evocação do passado, lhes fará surgir à vista os espectros de carne, os tristes despojos que jazem nas sepulturas terrestres. A voz da sabedoria dir-lhes-á: “Que importa as sombras que se foram! Nada perece. Todo ser se transforma e se esclarece sobre os degraus que conduzem de esfera em esfera, de sol em sol, até Deus”. Espírito imorredouro, lembra-te disto: “A morte não existe”.  

(Léon Denis - O Problema do Ser, do Destino e da Dor)

5 comentários:

Linda Simões disse...

Lusa,

tu falas com serenidade,através das palavras de Chico Xavier e Léon Denis.

Sabemos que não há morte,mas vida após a vida...

Um abraço e boa semana

Enaide Alves disse...

Lusa, obrigada, pelo texto, vc já deve ter percebido pelo que escrevo que eu tenho uma grande afinidade com o espiritismo, né?

Parabéns!

Beijos.

Anônimo disse...

MEU COMENTÁRIO ESTÁ NO TEU EMAIL

Lusa Vilar disse...

E-MAIL RECEBIDO DE CARLINDA NUNES, RELATIVO A ESTA POSTAGEM:

Lusa querida,

Séria e oportuna mensagem para um dia especificamente devotado a saudade, por mais espiritualizados e sabedores que a vida não termina com a morte física, é sempre um mistério perder de vista aqueles entes queridos que fizeram parte de nossa história de vida, tão reais, tão presentes, que a ausência deles se torna uma lembrança constante.
Como sempre vivencias as datas e os momentos com sabedoria e mensagens adequadas.
Como não meditar diante de tudo que resgatastes nestas duas mensagem sobre o mistério e a serenidade da morte...
Somos como uma vela ao vento a qualquer momento o vento pode soprar mais forte e nos apagar desse plano físico, mas com a certeza de continuarmos acesos com outra chama invisível aos olhos humanos.
A vida deve ser vivida imensamente para não perdermos o sentido da eternidade.Tudo passa tão rápido e de um dia para outro, as coisas mudam completamente e tudo toma seu rumo e nós conseguimos nos acomodar,aceitar, criar outras maneiras de conviver,sentir,amar,compreender sem perder a nossa personalidade, o nosso jeito de ser e de nos tornarmos cada dia mais humanos, realistas e, ao mesmo tempo, sensíveis aos toques de Deus em nossos corações.

Carlinda Nunes

MARCOS DHOTTA disse...

Sabe Lusa, eu queria me acostumar com a morte. Tal como fazem os espíritas. Mas (ainda) não aprendi. Lidar com o luto não é tão simples assim... Uma vez que retornar pra casa e ver apenas lacunas pelos cômodos, abrir e fechar gavetas, entrar e sair dos quartos e só encontrar saudades. É de morte amiga.
Sei lá, uma viagem looooonga até se suporta. E a falta que alguém faz, um dia vira surpresa né? Pois quando menos se espera, a campainha vai e toca... Dim dom, dim dom!!!! E você corre desembestado portão a fora para rever quem outrora partiu. Categoricamente eu não gosto de partidas. Deveria existir apenas o voltar. O melhor da ida é sempre o regresso mesmo... E seria tão bom se algumas pessoas tornassem. Que o trem da vida os trouxessem de volta... Principalmente nossos pais que a gente pensa serem imortais. Nossos avós que um dia foram meninos/as e nossos amigos que esquecemos de abraçar pouco tempo antes da partida. Um dia como o de hoje não combina comigo. Simplesmente: Dói-me.