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sábado, 13 de fevereiro de 2010

AOS FOLIÕES DO SALÃO GRANDE DO PADRE!


1999 -  O Bairro do Recife Antigo recebia os foliões para a festa momesca. Vilar estava a frente da administração do Porto do Recife. Nós tínhamos convite especial para um camarote posto à disposição dos portuários.

Uma conterrânea querida havia vindo de Mato Grosso do Sul para rever a família e os velhos amigos. Era a nossa inesquecível Nevinha de Seu Zé Dentista (comadre Neva, é assim que carinhosamente a chamamos).

Convidamos os casais: José Humberto e Bernadete, Leninha e Raimundo, os nossos mais queridos amigos,  para o carnaval do Recife Antigo.



Os recifenses, alegremente , faziam o passo ao som do frevo das bandas que se apresentavam. Foi uma noite prazerosa. E não há como negar que o carnaval do meu Recife é o melhor do meu Brasil.

Mas, os velhos foliões do Salão Grande do Padre ( era um salão de propriedade do Pe João Leite, onde brincávamos todos os carnavais na nossa adolescência) suspiravam saudades dos velhos carnavais de Itapetim, nossa terra natal.

Após a foto, saímos à procura de uma mesa. Entre uma apresentação e outra, meu coração e os meus pensamentos voavam para a década de 70 e aterrissavam em Itapetim.

E eu fechava os olhos, voltava ao passado, e via a juventude daqueles casais, as paixões daqueles enamorados, Bernadete e Zé Hu8mberto, Leninha e Raimundo, eu e Carlos ...



1968 - Meus pensamentos me faziam recuar 31 anos, levavam-me para o Salão Grande do Pe João para reviver, nostalgicamente, aquele primeiro carnaval que meu pai me deixou brincar. Ele só nos deixou participar porque não pode negar a um dos casais mais amigos que ele tinha, os saudosos Dona Ivanira e Dr. Clístenes. Ele era naquela época o único médico da nossa pequenina cidade. Eram recifenses. Meu pai, na sua gestão de prefeito consegui levá-lo para clinicar em Itapetim.
Sua esposa, D. Ivanira (in memoriam), passou a ocupar a diretoria do Grupo Escolar D. José Lopes, onde fiz meu curso primário.
Infelizmente, para desgosto de toda a nossa comunidade, o nosso médico, na quarta-feira de cinzas desse carnaval, foi acometido de uma trombose na carótida esquerda, trouxeram-no para a capital, Recife, mas não resistiu e faleceu. Deixou saudades eternas no coração de cada Itapetinense, principalmente para nossa família, cujos laços de amizade eram muito estreitos.

Os amigos, que moravam na mesma rua do Salão do Pe, deixavam suas portas abertas a noite inteira, qualquer um de nós sentia a liberdade de entrar sem pedir licença; de saborear as iguarias que faziam para nos receber; de deitar em suas camas ou em seus sofás,  de beber um cocktail feito de cachaça e leite moça (chamado de leite de onça) e de até tomar banho, quando algum dos rapazes se excediam na bebida.

 O banheiro à disposição, pois o nosso "clube" era tão improvisado que não tínhamos sequer onde fazer as nossas necessidades fisiológicas.
As casas dos amigos na nossa da juventude em Itapetim, na circunvizinhança do Salão Grande, eram as de Dona Socorrinha e Seu Miguel Costa (in memoriam), (pais de Leninha, minha amiga dessa foto do Bairro do Recife Antigo), de D. Maria José (in memoriam) e Seu João Ricardo e outras mais.
A casa de Dona Jóvem e Seu Inácio Borges (os pais de Bernadete, que também está na foto do carnaval do Bairro), poder-se-ia chamar de "Casa Sede dos Foliões do Salão Grande do Pe".
Dona Jóvem acolhia esses jóvens carnavalescos com os olhos e o coração de mãe. Ordem e respeito, mas simpatia e amabilidades, todos se sentiam muito à vontade.


Alice, irmã de Bernadete, tem muitas histórias para contar sobre esses foliões que, de madrugada ao invadirem a casa de seus pais, por terem tanta pureza nos seu corações, nunca desconfiaram que poderiam estar incomodando. A confiança e a amizade era uma via de mão dupla. Quem nunca entrou na casa de Dona Jóvem e Seu Inácio, no período de carnaval, é porque nunca brincou no ao Salão do Pe.


O nosso conjunto musical, a quem carinhosamente apelidamos de "PPFOM", vinha aos meus ouvidos, mesclando o som de suas saudosas músicas com os das melhores orquestras contratadas para o carnaval do Recife Antigo.
Ao olhar para Leninha, eu me recordava da música que mais a ouvi cantar pelo Salão Grande do Pe:
 Me dá um copo, quero beber cachaça com limão, quero afogar as minhas mágoas, eu hoje bebo, bebo até cair no chão. Vem meu amigo, vem beber comigo quem não bebe morre, quem bebe morre também, não tem mais jeito, não tem solução, eu vou beber até secar o garrafão.
E pela saudade que me invade, eu deixo para vocês, Dalva de Oliveira que se despediu dos palcos em 1999, justo na última vez em que nos encontramos em carnaval!

Bandeira Branca - Dalva de Oliveira - 1970




Essas coisas não se tiram do Coração!

1 comentários:

Anônimo disse...

eu adorei esta música taõ bela.
desculpe as espleções.está música é mesmo chor de bola.parabéns.