Especialmente para Bartira Goveia de Amorim
Filha de um dos maiores poetas da minha terra:
Pedro Amorim (in memoriam)
Eu costumo terminar minhas postagens neste blog com o refrão da consagrada música do nosso Rei Roberto Carlos. Mas hoje estou por demais feliz com o comentário postado no "Raízes" pela minha amiga Bartira, por isso ao invés de fechar o texto, como de costume, eu preciso dizer logo de início:
"Tem coisas que a gente não tira do coração" e a nossa mizade com Bartira e Eriberto, seu esposo, é uma delas.
Nos encontros de amigos dos quais participamos, na minha terra natal, contar com a presença desse casal, que sempre nos devotou amizade, simpatia e bem querer, somos agraciados por uma espécie de aura que nos envolve de alegria e prazer.
Bartira e Eriberto têm a capacidade de espantar tristezas, distribuem gratuitamente afetos que nos fazem sentir o quanto a nossa presença é desejada. E nada mais gratificante do que se sentir amado, desejado, querido em rodas de amigos. Os comentários retrospectivos à nossa juventude, referenetes aos tempos de namoro e noivado, asseguram-nos, mais uma vez, de que "tem coisas que a gente não tira do coração". Dá-nos a impressão de que o Rei não deixou escapar nenhum detalhe da vida que desfrutamos nessa cidade em que nascemos, onde construimos tantos amigos, que para nós são verdadeiros irmãos.
Você fala no seu comentário que, infelizmente, não herdou as rimas do seu pai, o grande Pedro Amorim, mas com certeza herdou a sensibilidade do poeta, assim eu pude captar no seu texto.
E eu na condição de, também, filha de poeta (não tão grande como seu pai), mas poeta, herdei dele a emoção de construir amigos, de me sentir feliz em meio deles e de ser profundamente grata aos que ofertam amizade sincera.
Quando meu pai faleceu eu recebi a visita de Seu Pedro, juntos choramos, lamentamos, nos abraçamos e eu pude sentir o quanto ele amava meu saudoso pai e, sem querer ser repetitiva, me obrigo a dizer novamente:
"Tem coisas que a gente não tira do coração".
A visita de Seu Pedro à minha casa, naquele dia de tão lamentável perda para todos nós, será lembrança eterna na minha memória e no meu coração.
Queria saber fazer um poema para ele, alíás, acho até que já o fiz, mas jamais saberei passá-lo para o papel ou declamá-lo. Creio ser esse o maior inferno das almas poéticas: carregar na alma uma avalanche de sentimentos que sufocam o peito sem ter a capacidade de abortar um verso sequer.
Por essa incapacidade, transcrevo para ele uma homenagem que lhe fez o poeta Felipe Júnior, por ocasião do seu falecimento, fazendo minhas as suas palavras:
" Nosso Pedro Amorim fez sua parte
Nos mostrando que verso e solidão
São dois casos que têm o seu aparte
Pra quem ama demais o seu torrão.
Nessa parte o poeta é quem reparte
Através da viola, voz e mão
Levantando a bandeira, o estandarte,
Das belezas sagradas do sertão.
Desejando encontrar-se com um colega,
Vem a morte... Amorim logo se entrega
Já querendo ver Jó, Louro e Xudu.
Zé Catota, sorrindo então completa,
Foi dizendo a Amorim: “Pronto, poeta!
Hoje o céu que tornou-se o Pajeú!"
Felipe Junior
Se no encontro dos poetas, lá na eternidade, o céu se tornou o Pajeú, conforme escreveu Felipe Júnior, hoje com o teu comentário no "Raízes", a capital do estado (onde resido), para quem carrega no peito um "coração tão sertanejo" como eu, sente-se obrigada a evocar outro grande poeta nosso, Maciel Melo, para acudir com sua canção as saudadaes que sinto da terra onde nasci e da minha gente que nunca esquecerei.
Enfim, agradecendo sua atenção, suas palavras de carinho e incentivo, transcrevo seu comentário e sinto nas entrelinhas que não lhes escaparam as "bravuras de Eriberto", rsss
Beijos!
"Lusa,Como você mesma disse, vamos sim, vamos ouvir mais esta canção, vamos fazer dela um hino de louvor à nossa amizade, tão arraigada nos velhos troncos das nossas raízes pajeuzeiras e nordestinas, especialmente itapetinenses.
Gostaria de ter herdado de meu pai também a sua sapiência poética para externar tudo o que sinto ao visitar seu blog. Você ora nos oportuniza a viajar no tempo, por vezes perdendo a razão... Ora nos faz refletir sobre nossos valores e até situações, e mesmo objetos, que muitas vezes – talvez pelo nosso corre-corre, nos sejam imperceptíveis.
A sua atitude é de uma inteligência invejável! Parabéns!
Sua forma brilhante de se expressar representa para mim um referencial e, às vezes, um elixir, sem contar com a questão de você e Carlos me proporcionarem recordar fatos que marcaram a minha vida, que me trazem à baila literalmente: “ela nem olhou pra mim”...
São tantas as coisas que me completam ao clicar no seu blog, no entanto, as citações que trazem Roberto Carlos exigem especial atenção. Em sendo assim, que tal refletirmos ou até ouvirmos a música: “tem coisas que a gente não tira do coração”. Que, como você diz, segundo Eriberto, é linda! Linda, linda, linda!
Um forte abraço.
Bartira Amorim."
Beijos!