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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UM SIMPLES ENCONTRO, UMA GRANDE MENSAGEM!



(Lusa e Marinho)


" Eu gosto de ser chamada de " a filha de Louro, a mãe de Marinho, a neta de Antônio Marinho", porque entendo que nada somos sem as nossas referências, sem as nossas Raízes, isso não quer dizer que não tenhamos identidade própria" - Bia Marinho


"Eu já tenho muitas portas abertas, muito espaço conquistado. Não tenho ambição de ficar famoso, sei que todas as portas que se abriram foram pelas referências de quem veio antes de mim. Eu posso subir em qualquer palco, antes de dizer meu nome, eu digo: Eu sou bisneto de Antônio Marinho" - Antônio Marinho (Marinho)


O ano passado eu estava em Itapetim, na minha terra natal, e recebi um convite para uma seresta com Bia e Antônio Marinho. Foi de Marta de Seu Moisés que recebi este convite tão especial.
Foi na casa de Seu Moisés, o pai de Marta, velho amigo do meu saudoso pai, Antônio Piancó, que nos reunimos com a filha e o neto de Louro do Pajeú. Um privelégio que poucos sabem do seu tamanho.

Louro do Pajeú 

Bia é filha de Louro e de Helena Marinho, cujas raízes estão entrelaçadas às minhas, dado ser Helena, sua mãe, ainda parenta da minha avó paterna.
Afora as raízes da consangüinidade, ainda temos as raízes do coração itapetinense que, ainda hoje, briga feio para provar que Lourival Patriota, o Louro do Pajeú, é filho natural de Itapetim. E é.

Foram momentos inesquecíveis que vivenciamos na casa de Marta. Alí, diante de Bia e de Marinho, do filho dela e de Zeto, de dois poetas, de dois artistas da maior qualidade e, ainda por cima,  da filha e do neto de Louro do Pajeú; da neta e do bisneto de Antônio Marinho, eu procurava explicação para entender as razões pelas quais o povo da minha terra não fazia fila para assistir, ainda por cima de graça, aqueles dois monstros sagrados da poesia.

Nunca vou entender o fato de Bia e de Marinho serem recebidos, em Itapetim, como dois anônimos. Acorda povo! Foi assim que levaram Louro, Rogaciano, Dimas e tantos mais.

O que era para ser um simples encontro tranformou-se numa grande noitada de poesia, prosa, e de lindas canções interpretads por Bia e Marinho, os quais além de grandes poetas têm uma belíssima voz.
Baeta, irmã de Marta, que também é dona de uma voz invejável, também cantou feito um pássaro,complementando o brilho daquela noitada.


Dentre todo os assuntos que surgiram, o que mais me deixou emocionada foi ouvir de Bia Marinho:

" Eu gosto de ser chamada de " a filha de Louro, a mãe de Marinho, a neta de Antônio Marinho", porque entendo que nada somos sem as nossas referências, sem as nossas Raízes, isso não quer dizer que não tenhamos identidade própria"

Bia e Zeto

16 de outubro 2002
Morreu ontem, em Palmares, de complicações no fígado, o cantor e compositor José Antônio do Nascimento Filho, cujo nome artístico era Zeto. Ele ficou conhecido quando participou da campanha do programa eleitoral de Miguel Arraes, em 1986, improvisando em cima do mote “Arraes vai entrar pela porta que saiu”.Nascido em Canhotinho, Zeto morou muitos anos na cidade de São José do Egito, onde casou com Bia Marinho, filha do célebre repentista Lourival Batista. Com a mulher, Zeto formou uma dupla e chegaram a gravar um LP, Estrada, em 1989, dedicado ao compositor José Marcolino.
Zeto, feito os cantadores do Sertão antigo, levou vida errante. Uma das poucas vezes em que ele alterou seu modo de viver foi quando apresentou o programa Pé de Serra, na TV Jornal, em 1996, quando foi substituído por Maciel Melo. Presença constante em festivais de repentistas, Zeto foi também compositor de forró bastante requisitado pelos artistas do gênero. Entre os que gravaram composições dele estão Paulo Matricó, Alcymar Monteiro e Flávio José.
Ele gravou seu último disco em 1999. Intitulado Curvas, o CD teve lançamento independente, e circulou basicamente entre os admiradores do artista. Zeto foi enterrado, ontem, em Canhotinho, onde mora sua família.





Antonio Marinho do Nascimento é natural de São José do Egito, Pernambuco, terra da poesia. Descende de uma forte linhagem poética: filho de Zeto e Bia Marinho, neto de Lourival Batista, bisneto de Antonio Marinho, sobrinho de Otacílio e Dimas Batista, e de Graça Nascimento e Job Patriota, alguns dos maiores repentistas brasileiros. Quem poderia ter sangue mais nobre?
Fonte: Sonetos de Antônio Marinho!

Formado em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco, turma 2010, foi escolhido orador.
Trechos do seu discurso:

"... tenhamos nós até a capacidade de amar mais, até o réu, ou bandido do que ao sistema falido que assim o fabricou.
Técnicos o Direito tem em abundância, conhecedores da letra fria da lei sobram nos corredores da Universidade, ostentadores de ternos e gravatas encontram-se aos montes, mas homens e mulheres apaixonados pela raça humana, independente da área em que atuem, estão em extinção. Pedimos então equacionar esses números, nos apaixonemos diariamente pelo que a nossa ciência pode fazer de alteridade.
Sejamos mais do que os livros que repousam empoeirados nas nossas bibliotecas, porque eles aconchegam em suas páginas apenas o conhecimento, e nós não, podemos aconchegar em nosso colo, em nossa alma e em nosso coração, além do conhecimento, a dor universal fruto da pobre condição de se ser homem, de se ser mulher; só assim terá valido a pena, não o curso, não o diploma ou o dinheiro investido, é muito mais do que isso. Só assim terá valido a pena a nossa passagem por este mundo, no qual, realmente, estamos apenas de passagem ..."

PARTE I

PARTE II



Obrigada, minha amiga Marta, foi um presente maravilhoso que você me deu, foi uma noitada inesquecível na companhia de Bia e Marinho.

Marta Ferreira é sobrinha do grande poeta Jó Patriota (in memoriam)







Jornal do Comércio - 06/Ago/2003 
A lendária trindade da cantoria nordestina, formada pelos irmãos Batista, de São José do Egito, encerrou-se ontem, com a morte, em João Pessoa, de Otacílio Batista, 79 (completaria 80 em setembro), em conseqüência de problemas respiratórios e cardíacos. Ele sofria de diabetes e esclerose. Os outros “faraós”, como os irmãos eram também cognominados, Lourival, o “Louro”, e Dimas, faleceram, respectivamente, em 1992 e 1987.
Otacílio Batista era o mais novo e mais bem-humorado do trio. Orgulhava-se de ter cantado para todos os Presidentes da República, de Gaspar Dutra (1945) a FHC, e para o Papa João Paulo II. Nascido em Itapetim, então distrito de São José do Egito, no Sertão do Pajéu, Otacílio Batista vivia em João Pessoa, onde cantou pela última vez, no início do ano passado, com o parceiro Oliveira de Panelas. Por telefone, da capital paraibana, também adotada por ele, Oliveira falou com emoção do colega com o qual por 23 anos formou uma das duplas mais duradouras da história do repente.
Ele cantou pela primeira vez com Otacílio Batista em São Paulo: “Isso foi em 1975, em seguida voltei para o Nordeste, quando passamos a cantar juntos. A amizade nossa era como a de pai para filho. Gravamos quatro CDs e três LPs, e viajamos pelo Brasil inteiro e até ao exterior. Fomos a Cuba, Bolívia e Portugal. O repente perdeu um gênio. Ele deixa uma lacuna enorme na poesia brasileira”. Na hora, com a voz potente, que o levou a ser alcunhado de “O Pavarotti do Sertão”, Oliveira de Panelas improvisou esta décima para o amigo: “Por ser leal cantador/ Vivemos os mesmos planos/ Em nossos 23 anos/ Entre a alegria e a dor/ Porém quis o Criador/ Lhe envolver em um véu/ Para receber o troféu/ Que Deus lhe deu de presente/ Hoje foi fazer repente/ Nas cantorias do céu”.
Embora já fossem lendas no Nordeste, os irmãos Batista só se tornaram conhecidos nacionalmente a partir dos discos da gravadora Marcus Pereira, que empreendeu um mapeamento da música regional do país em 1973. A gravação dos repentistas de São José do Egito levou jovens autores da MPB a se interessar pela cantoria. O Quinteto Violado, por exemplo, lançou no álbum Pilogamia do Baião, de 1979 ,Martelo agalopado, uma composição de Otacílio Batista, em parceria com o também cantador Diniz Vitorino. Seu maior sucesso na música popular aconteceu em 1982, com Mulher nova, bonita e carinhosa, faz o homem gemer sem sentir dor, um mote que virou canção (assinada com Zé Ramalho) e alavancou a carreira da cearense Amelinha, e inclusive foi o título do LP da cantora daquele ano .
Ivanildo Vila Nova, um dos maiores nomes do repente atual, revelou que pretende fazer, no próximo ano, uma cantoria em homenagem a Otacílio Batista, em Itapetim, sua cidade natal: “Cantei váris vezes com ele. Era sem dúvida uma das legendas do repente. Dos três irmãos, para mim era o que cantava mais bonito e o mais humorista”. O humor de Otacílio Batista aflorava em versos como estes: “Admiro o vagalume/ Voando ao morrer do dia/ Desafiando a ciência/ Que o homem na Terra cria/ Com um pisca-pisca na bunda/ Sem precisar bateria.”



Val Patriota, irmão de Bia, outro grande artista, poeta de voz marivilhosa!



Já estive na casa de Bia em Apipucos, aqui em Recife, fui convidada para um recital. Fomos acompanhados de Jorge e Vandinha, Dé e Gleice. Também estava conosco Maria de Zezé (in memoriam), a mãe dessas minhas amigas.
Não há nada que se possa comparar ao que assistimos por lá. Melhor ainda, após o evento, conversar com Marinho e Bia, por pouco não raiamos o dia.
Não importa se uns dizem que os antepassados de Bia e Marinho nasceram em São José do Egito, ou Itapetim, o que importa é saber que a nossa Vila de Umburanas, à época pertencente a São José, deu ao mundo essa família que nos traz tanto orgulho e que faz parte das nossas raízes do coração.
Obrigada, Marta, pelo convite, obrigada, Bia e Marinho, pela bela noitada na companhia de vocês!

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