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domingo, 22 de julho de 2012

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A MORTE NÃO EXISTE, GONZAGA PERAZZO APENAS MUDOU-SE

Dr. Gonzaga Leite Perazzo (in memoriam)

Texto pinçado de vários sites da Internet:

"Gonzaga, nascido em Tuparetama, era engenheiro civil e irmão de Francisco Perazzo, que foi governador do Distrito do Rotary e secretário do governador Carlos Gueiros. Perazzo era ligado ao ex-governador Roberto Magalhães, de quem foi secretário também na Prefeitura do Recife.
Luiz Gonzaga Perazzo, ex-presidente da Compesa, cometeu suicídio se jogando da cobertura do prédio em que morava no bairro de Boa Viagem. Gonzaga, nascido em Tuparetama, era engenheiro civil e irmão de Francisco Perazzo, que foi governador do Distrito do Rotary e secretário do governador Carlos Gueiros. Perazzo era ligado ao ex-governador Roberto Magalhães, de quem foi secretário também na Prefeitura do Recife.
Perazzo, como era conhecido, também secretário-executico do Ministérios de Minas e de Energia na gestão do ex-ministro José Jorge. Ocupou ainda vários cargos, sendo presidente da Celpe no Governo Joaquim Francisco.
Nos últimos anos, estava dedicado à iniciativa privada, cuidando do seu escritório de consultoria e da sua fazenda em Tuparetama, onde tinha uma pequena fábrica de laticínios."


Deixo aqui registrado o nosso pesar pela tragédia que envolve toda família Perazzo nesse momento de dor. Venho apresentar minhas condolências a todos os familiares em nome de todos os filhos de Antônio Piancó Sobrinho (in memoriam) e do meu marido Carlos do Rêgo Vilar. Lamentamos profundamente o acontecido. Privamos da amizade de Gonzaga desde os tempos da nossa adolescência. 

No ano de 1967 eu estava em Recife, morando na casa de Francisquinho e Ivone à Avenida Conde de Irajá, no bairro da Torre. Francisco Perazzo (in memoriam) era casado com Ivone de Siqueira, uma das filhas de Walfredo Paulino de Siqueira, do qual meu pai era sócio nos negócios. Daí a razão de Ivone e Francisquinho (que também era conhecido na capital como Perazzo) terem me acolhido em sua residência para que eu pudesse concluir meus estudos. Não foram poucas as vezes, quando o casal viajava,  que fiquei na casa do Benfica, no bairro da Madalena, pertencente ao seus pais, Seu Perazzo e Dona Ana (in memoriam). Naquela casa da Madalena moravam Gonzaga,  Rita e Elisa, suas irmãs.  Gonzaga ainda era um jovem estudante de engenharia, e foi durante esse convívio que eu tive oportunidade de consolidar nossa amizade.

A família Perazzo havia nascido no Sertão do Pajeú, na Cidade de Tuparetama, uma cidade perto de Itapetim, onde eu nasci. Muitas vezes, ao ir visitar meus pais, eu pernoitava na Fazenda de Seu Perazzo e de Dona Ana, os pais de Gonzaga, à espera de que meu pai fosse me buscar para minha casa. Porém, uma certa vez nós saímos de Recife em uma semana de carnaval e, ao chegar na fazenda, as meninas, Rita e Eliza, pediram a Francisquinho para não avisar ao meu pai sobre a nossa chegada na fazenda. A intenção era de me levar ao Clube de Tuparetama para brincar o carnaval, nem que fosse por uma única noite. Meio apreensivo Francisquinho concordou, pois ele temia a ira do meu pai que, certamente, não concordaria com o pedido das meninas. 
Lembro-me, com muitas saudades, de que foi uma noite maravilhosa que passei juntamente com elas e Gonzaga.
Quando o dia amanheceu, mal entramos em casa, Francisquinho já estava ao  telefone comunicando ao meu pai da minha chegada. Poucas horas depois, ele chegou na sua rural Willys e me levou para Itapetim, o que me custou muitas lágrimas por não poder brincar o restante dos dias carnavalescos.

Guardo, também, uma saudosa lembrança de Minga. Minga era uma tia velha dos meninos, ela era irmã de seu Perazzo, quando não estava na fazenda é porque estava em Recife, hora na casa de seu Perazzo no Benfica, hora na casa de Francisquinho e Ivone no bairro da Torre.
Minga já estava com a idade bem avançada. Gostava de sentar no terraço e observar o vai e vem dos ônibus que seguiam em direção à cidade. Acostumada àquela vida pacata da cidadezinha de Tuparetama, onde as pessoas se deslocavam a pé,  vezes por outra ela dizia:

- Esse povo daqui não tem o que fazer não, é? Passa o dia todinho atrepado nesses ônibus, oxe!
- Eles estão indo ao trabalho, Minga. Respondia-lhe. Mas ela retrucava:
- Mas são os mesmos, eles vão e voltam na mesma hora.
Pobre minga, a idade já estava atrapalhando a sua cabeça!

Naquela época, o fino mesmo era ir aos cinemas São Luiz, Moderno ou Trianon e, depois, tomar sorvete na Estoril da Rua Nova. Era fazer compras na Sloper, que era uma loja elegante, com mercadorias de primeira, vendedoras lindas e muito bem vestidas nos seus tradicionais uniformes e, ainda vivo na minha memória, o maravilhoso cheiro dentro da loja. Subir e descer na escada rolante da Viana Leal. Não menos prazeroso era tomar o ônibus elétrico, curtir a beleza do Recife pelas janelas, passar defronte ao Palácio Episcopal dos Manguinhos e tentar ver D. Hélder Câmara, o saudoso Bispo da Arquidiocese de Olinda e Recife.
Ô saudade, meu Deus! O tempo se encarregou de nos separar, cada um pro seu lado foi viver a nova vida que estruturou no tempo da mocidade.

Só nos encontramos depois em enterros de membros da família. Mas o mesmo tempo que nos separou me colocou novamente frente a frente com Gozaga Perazzo.

Muitos anos depois, já formada em Ciências Econômicas, no Governo de Jarbas Vasconcelos, eu tive a oportunidade de trabalhar com ele, como gerente de articulação institucional, técnica em Planejamento e Orçamento Público, por pertencer ao quadro de funcionários da Secretaria de Infraestrutura (hoje Secretaria de Transportes). Gonzaga havia sido nomeado Presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento - COMPESA, posto que, naquela época, a COMPESA era uma empresa vinculada à minha Secretaria e, naquela ocasião, era a responsável pela execução do Programa Prioritário do Governo "Águas de Pernambuco". 

Depois do Governo Jarbas, algumas vezes encontrei-me com o meu amigo no Shopping Tacaruna, na praça de alimentação. Depois disso ele foi convidado para o Ministério das Minas e Energia pelo Ministro José Jorge, seguiu para Brasília e nos perdemos definitivamente. 

Eu continuei a serviço do Governo do Estado, na minha Secretaria de origem, quando certa vez uma colega me procurou trazendo nas mãos um pacote de fotografias. Ela se dirigiu a mim e me perguntou:

- É verdade que você é amiga do Dr. Gonzaga Perazzo?
Ao que lhe respondi: 

- Sim. Não só sou amiga como sou sua conterrânea, pois ele nasceu no meu Sertão do Pajeú. Por quê?
- Fizeram uma limpeza nos arquivos velhos da Secretaria e colocaram essas foto no lixo, eu as apanhei por curiosidade, em meio a tantas estavam essas do seu amigo. Você teria interesse em guardá-las, ou mesmo condições de entregá-las a ele?

De posse das fotos, eu pude depreender que se tratavam de fotos oficiais, as quais registravam as inaugurações de obras de eletrificação rural, executadas através do Programa LUZ DA GENTE,  na gestão do então Governador de Pernambuco Joaquim Francisco, equivalente ao mesmo programa criado, posteriormente,  pelo Ex-Presidente Lula,  LUZ PARA TODOS. 

Em todas elas estava o meu amigo, cujo cargo de Presidente da CELPE justificava a sua orgulhosa presença no momento daquelas inaugurações.
Guardei-as comigo, na esperança de um dia poder entregar em suas mãos, até o dia 26 desse mês em curso, quando estarrecida li a seguinte nota emitida pela CELPE à imprensa de Pernambuco:

" Nota à imprensa
Recife, 26 de junho de 2012 – A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) lamenta o falecimento do ex-presidente da concessionária Luiz Gonzaga Leite Perazzo. Profissional de reconhecida competência e de excelente relacionamento com os colegas de trabalho, Perazzo presidiu a Celpe entre os anos de 1991 e 1994. Na empresa, também ocupou o cargo de Diretor de Operações, no qual prestou importantes serviços à população pernambucana. Diante da irreparável perda, a Celpe se solidariza à dor da família e dos amigos."
Fiquei atordoada com a triste e dolorosa notícia de seu falecimento, principalmente por ter acontecido de forma tão trágica. Lembrei-me da sua alegre presença no Porto do Recife por ocasião da cermônia de posse do meu marido Carlos Vilar no cargo de Administrador Geral daquela empresa. Naquela cerimônia ele ficou lado a lado comigo e, no meio do discurso de Vilar, chegou a cochichar nos meus ouvidos:

 " Ajude a seu marido a cumprir essa difícil tarefa, é da mulher, da companheira de todas as horas que depende o equilíbrio e o desempenho do homem público"

Lusa Piancó Vilar, ladeada à direita pelo Dr. Gonzaga Leite Perazzo (Presidente da CELPE) e à esquerda pelo conterrâneo Antônio Machado. Em minha frente, meus filhos, ainda crianças: Carlos Eduardo e Karla Sandra.
Foto tirada no dia da investidura no cargo de Administrador do Porto do Recife do meu marido Carlos Vilar - Ano de 1991.

Não podemos esquecer que este cargo no qual meu marido tomou posse, decorreu da interveniência do Dr. Luiz Gonzaga junto a Dr. Roberto Magalhães que, a época, como Deputado Federal procurava alguém capaz de administrar o Porto do Recife com a devida competência para assuntos portuários e, sendo Carlos Vilar um portuário desde 1975, Gonzaga Perazzo o convenceu de que ele seria a pessoa certa, no lugar certo, tanto é que Carlos ficou 10 anos à frente daquela administração.

Infelizmente não podemos mais contar com a sua amizade, a fatalidade bateu em nossa porta, ficamos privados da sua presença física entre nós, mas você fez morada eterna nos nossos corações, de consolo nos resta a lembrança viva do nosso convívio cujos laços de afetividade ultrapassarão as barreiras da eternidade. Que Deus ilumine o seu descanso eterno, que lhe dê a paz necessária que não mais encontrou em vida. 

ARQUIVO FOTOGRÁFICO RESGATADO POR MIM:
DR. LUIZ GONZAGA LEITE PERAZZO - PRESIDENTE DA CELPE
GOVERNO JOAQUIM FRANCISCO 1991 - 1994









MORRE SEU MOISÉS, EX-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DA PIEDADE


Sr. José Nilo (Ex-Presidente da Associação Comunitária do Sítio Gameleira), Sr. Moisés de Lucas (Ex-Presidente da Associação Comunitária do distrito da Piedade) ao lado do então candidato a Prefeito do Município de Itapetim - Ano 2000 -  Carlos do Rêgo Vilar e sua esposa Lusa Piancó Vilar.


Seu Moisés da Piedade, como era conhecido entre nós, era um homem simples e de pouca leitura. Foi no ano 2000 que eu o conheci. À época ele ocupava o cargo de Presidente da Associação Comunitária do distrito de Piedade. 
Foi nesse mesmo ano que Governador Jarbas  Vasconcelos, tendo adotado o orçamento participativo, estava convidando toda a sociedade civil organizada do estado de Pernambuco a participar da elaboração do Plano Plurianual da sua primeira gestão. 
Como técnica em planejamento e orçamento público, funcionária da Secretaria de Infraestrutura, eu me sentia apta a coordenar esse trabalho de adesão das comunidades, cuja representação se dava através dos seus presidentes. Acompanhada do meu marido, do ex-vereador Tadeu Bezerra, da minha irmã Elizabeth Piancó, que na época ocupava o cargo de Diretora do Centro Social Urbano Otaviano Correia - CSU, e do nosso amigo Prazeres, técnico agrícola da EMATER e Presidente do Conselho de Desenvolvimento Municipal, percorri toda área rural do meu município, visitei por diversas vezes a Vila de São Vicente e o Distrito da Piedade, com a missão de capacitar todas as associações legalmente constituídas no sentido de apresentarem suas demandas relativas aos problemas existentes em suas comunidades a fim de serem combatidos  através de ações do governo.
Foi neste contexto que se deu minha aproximação com o cidadão Moisés de Lucas no distrito de Piedade. 

Basicamente quase todos os presidentes dessas associações eram nossos adversários políticos, inclusive seu Moisés. Eles acompanhavam politicamente o prefeito do Município, porém já demonstravam insatisfações relativas àquela administração. Não demorou muito para que todos eles manifestassem o desejo de lançar a candidatura do meu marido a prefeito. Seu Moisés nutria pela minha pessoa uma admiração profunda, eu sentia isso. Minha palavra para ele valia ouro. Na pureza dele, o seu desejo era que meu marido fosse o prefeito e eu a vice-prefeita. Quando a chapa majoritária foi homologada, ele me confessou a sua decepção:

- Drª "LÚIZIA", eu não me conformo com essa chapa de Dr. Carlos. Pra mim a senhora será sempre a minha vice-prefeita! Tudo que precisar para o meu povo eu vou pedir "premeramente" a senhora, depois a senhora vai pedir pro Dr. Carlos me atender.

Ele se dizia um homem analfabeto que estava no mundo da política para defender o seu povo. Talvez, por ele se chamar Moisés tinha tanto orgulho em dizer que tudo que queria era para "seu povo". Talvez, seu desejo fosse libertar o seu povo, como o Moisés bíblico libertou o dele do jugo dos faraós. 
Conquistou uma vaga para candidatar-se a vereador na chapa de Carlos Rêgo e, em todos os comícios, lá estava ele levando sua palavra ao seu povo. Jamais começou ou terminou seu discurso sem me fazer a sua saudação. Entendeu que deveria chamar-me de Drª LÚIZIA,  porque ao ter consciência de que tinha pouco conhecimento, o pouco que eu sei dava a ele uma dimensão bem maior e por isso condecorou-me com o título de Doutora.

Hoje, quando recebi a notícia de que ele havia nos deixado, para viver em outro plano de vida, eu recordei todos os momentos de convivência com esse homem simples, de caráter irrepreensível, de coração grande, de uma humildade que incomodava. 

Eu me lembrei daqueles discursos que ele fazia em cima do nosso palanque, repetitivos, cheios de erros de português, muitos deles não foram escutados pelo público, porque não lhe davam muita atenção. Mas eu sempre me mantive ali, ao lado dele, ouvindo cada palavra, incentivando-o a se comunicar com o seu povo, aplaudindo-o e, nos meus discursos, sempre a lhe retribuir as atenções dispensadas e o respeito que sempre teve pela minha pessoa.

DISCURSO DE SEU MOISÉS 
HOMOLOGAÇÃO DA CANDIDATURA CARLOS RÊGO 2000
CLUBE ACRE- ITAPETIM-PE


Em sua homenagem eu deixo aqui o filme "MOISÉS", pois, analogamente, o nosso Moisés da Piedade também desejou libertar "o seu povo" da escravidão a que foi submetido, sob o jugo de uma péssima administração. Por uma incrível coincidência o Programa de Governo do então candidato  Carlos Rêgo preconizava um governo com dez linhas de ação para serem realizadas, e o Moisés bíblico também recebeu das mãos de Deus os Dez Mandamentos de sua Lei. 



Muito obrigada, seu Moisés, descanse em paz no Reino de Deus, e, se possível, peça-Lhe para enviar-nos um outro "Moisés", pois o nosso povo ainda continua subjugado à corrupção e aos desmandos dos seus governantes, salvo raríssimas exceções. Necessariamente não precisa nos levar para uma terra que corre leite e mel, basta que seja uma terra em que os mandatários tenham respeito aos direitos de todos os seus cidadãos.